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terça-feira, fevereiro 18
  Quem dá valor à liberdade?
Paulo Leite

Aqueles que se opõem à atitude dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha em relação ao Iraque fariam bem em escutar a presidente da Letônia, Vaira Vike-Freiberga: "Nós certamente vimos os resultados do apaziguamento ou, melhor dizendo, a falta de resultados. É muito mais fácil tolerar um ditador quando ele está controlando a vida de outras pessoas, não a sua."

Enquanto esquerdistas norte-americanos e europeus que nunca passaram um dia sequer sob uma ditadura vão às ruas para defender Saddam Hussein, quem conheceu na pele os efeitos da falta de liberdade tem uma opinião bem diferente. Os países que faziam parte da União Soviética ou estavam - contra a vontade de suas populações - na esfera de influência soviética sabem bem que tentar apaziguar regimes tirânicos nunca acaba bem. Por isso, a presidente da Letônia, mesmo sabendo que sua posição pode comprometer os esforços do país para fazer parte da OTAN e da União Européia, está "apoiando totalmente" os Estados Unidos no conflito contra o Iraque.

A Letônia e mais nove países do antigo bloco soviético manifestaram recentemente seu apoio a Washington, juntando-se a Polônia, Hungria e à República Tcheca, ex-países comunistas que já fazem parte da OTAN e que assinaram ao lado da Grã-Bretanha, Espanha, Itália e outros países europeus uma carta de apoio aos Estados Unidos contra o Iraque.

A presidente Vaira Vike-Freiberga, que se encontrou com Bush na segunda-feira, reconhece que seu país está numa situação nada agradável: "eles vão votar em breve nosso acesso à UE e à OTAN. Se houver um confronto entre os Estados Unidos e a União Européia, isso não poderia acontecer num momento pior para nós. Mas o que podemos fazer? Cortar-nos no meio e dar metade aos Estados Unidos e metade à Europa?"

Provavelmente, só metade não seria suficiente para contentar a França. Como se não bastasse a tensão que criaram na ONU com sua oposição a uma política mais firme contra o Iraque, os franceses parecem dispostos a agir como aqueles valentões que ameaçam bater em qualquer um que não concorde com eles. Agindo como um garoto mimado que vê seus desejos contrariados, o presidente francês Jacques Chirac ameaçou nada veladamente os países do leste europeu: "eles perderam uma grande oportunidade de ficar calados", disse, aparentemente ainda não recuperado da humilhação de ser chamado de parte da "velha Europa" por Donald Rumsfeld.

A presidente letoniana não parece preocupada com as ameaças de Chirac. Ela diz que os países da Europa oriental forçados a formar o bloco comunista aprenderam o valor da liberdade da maneira mais dura possível. "Nós sabemos o que 'tirania' significa e quais são as consequências de tolerar tiranos", disse Vaira Vike-Freiberga. "Nós sentimos, nós vivemos, nós sofremos as consequências." 
segunda-feira, fevereiro 17
 

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Parada Difícil

No mais recente programa de debates da Band exibido aos domingos à noite e apresentado por Marcia Peltier, o antiamericanismo dos nossos coleguinhas teve farto banquete. A vítima foi o cientista político da USP, Braz de Araújo (acredito ser este o nome dele) que defendia a postura de Bush contra Saddam com argumentos incontornáveis.

Num dado momento da discussão com os jornalistas, sobre o papel da ONU sob exame com a decisão da entidade global de poupar Saddam ao limite, Marcelo Parada argumentou dizendo que, com uma ONU enfraquecida, os EUA poderiam muito bem um dia achar que estão livres para invadir a Amazônia já que, pela lógica turva do jornalista, nada poderia impedí-los.

O senhor Parada esquece que, em primeiro lugar, é justamente a ONU quem tem os maiores interesses em influenciar a região amazônica. Não recordou também que, dentre as centenas de ONGs atuando no Brasil, pouquíssimas tem sede nos EUA ou estão sob influência da Casa Branca. Por lá abundam, isso sim, ambientalistas e ecochatos de toda a Europa, mais notadamente belgas, franceses, escandinavos e alemães, a maioria atuando globalmente e com o apoio das Nações Unidas e suas fundações de "amparo" às políticas sociais e de meio-ambiente para o terceiro-mundo.

Um livro fundamental sobre o assunto, aliás, é "A Farsa Ianomâmi", de Carlos Alberto Menna Barreto, da Biblioteca do Exército Editora. Estão todos explicados lá, a começar pelas entidades que defendem a ampliação cada vez maior das reservas indígenas a fim de engessar definitivamente o progresso da região amazônica. Ao contrário do que pode pensar o sr. Parada, eventuais pressões da Casa Branca para controlar a maior floresta equatorial do mundo não chegariam perto do imenso lobby de fundações e organismos internacionais, os mesmos que abominam as forças conservadoras americanas ora no poder.

Apenas o enunciado de tal hipótese, essa, formulada pelo sr. Parada na Band, seria suficiente para sair do estúdio às gargalhadas não fosse o seu interlocutor, homem cordial, ter evitado a chacota fazendo de conta que não ouvira tal disparate. E assim caminha o jornalismo brasileiro..

 
domingo, fevereiro 16
 

O JN entre o PT e as FARC. Aqui

 
Felix qui potuit rerum cognoscere causas

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Editor: Sandro Guidalli

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