Guidalli.com
sábado, fevereiro 15
 

JN, as Farc e Lula

Recebi o seguinte e-mail de um leitor sobre a edição desta sexta-feira do Jornal Nacional:

Prezado Sandro,

Hoje (sexta) o Jornal Nacional da Globo produziu um peça fantástica de propaganda diversionista no descarado intuito de varrer para de baixo do tapete situação que, de outro modo, se configuraria a todos como um verdadeiro escândalo. Explico, o jornal noticiou que o governo colombiano desbaratou um atentado terrorista contra a vida do presidente Uribe, que seria perpetrado pelas FARC, amanhã durante uma visita a uma localidade de seu país. Tal atentado consisitiria em derrubar o avião do presidente, e, no processo, matando todos os demais que desafortunadamente o acompnhassem, claro. Ao que parece, pois a notícia foi bastante rápida e concisa, os narcoterroristas conseguiram explodir a casa que lhes servia de paiol vitimando fatalmente em torno de 15 pessoas, com certeza para apagar os rastros de seu fracassado intento ante a descoberta do plano pelas forças de segurança em preparo da visita do presidente.

Esta notícia em si é a penas mais um exemplo cabal da falta de qualquer princípio moral, ético ou humanitário de um grupo terrorista que já "justiçou" até civis refugiados em igreja. Mas o escândalo maior ainda estava por vir. Após alguns minutos da exibição desta matéria, eis que o JN retorna ao assunto Colombia para dizer que o presidente Lula escreveu ao secretário geral da ONU pedindo intermediação no conflito Colombiano para uma solução pacífica entre todas as partes envolvidas. O crucial aqui foi o intervalo de tempo decorrido entre as duas inserções. Ora, por que será que duas matérias relacionadas exatamente ao mesmo tema, qual seja, o conflito entre governo e narcoguerrilha na Colombia teria necessitado de duas inserções em tempos distintos no noticioso? Pelo óbvio motivo de que a apresentação sequenciada das duas matérias teria feito a conexão fatal, mesmo para as mentes mais entorpecidas, do absurdo em si da iniciativa do presidente do Brasil. Qualquer pessoa mais desatenta teria concluído que o presidente brasileiro considera como parte litigante legítima na Colômbia um grupo terrorista que acabava de planejar matar o presidente de seu país, tendo sido este eleito pela enorme maioria de sua população para dar combate ao flagelo que a narco-guerrilha comunista impinge ao país. É escandalosa e imoral a iniciativa do governo do PT de querer tratar facínoras como uma parte que possa se sentar em uma mesa de negociação com direitos e prerrogativas semelhantes ao de um governo democrático, quando na verdade apenas aos rigores da Lei e da Justiça eles teriam direito.

O JN deliberadamente furtou a imensa maioria da população brasileira a oportunidade de intuir e compreender a imoralidade do ato e o assinte perpetrado contra o povo e o governo colombianos pelo governo brasileiro. Espero, para o bem de todos nós, que o presidente Uribe possa efetivamente ganhar esta guerra.

Leia mais sobre o assunto amanhã em www.midiasemmascara.org

 
sexta-feira, fevereiro 14
 

AVISO IMPORTANTE - AVISO IMPORTANTE

Prezados amigos e leitores,

A partir da QUINTA-FEIRA, 20 DE FEVEREIRO, todo o conteúdo a ser publicado neste blog estará sendo veiculado no site Midia Sem Máscara, pois esta página estará sendo desabilitada. Sandro Guidalli e Paulo Leite irão concentrar seus artigos e comentários lá e também continuarão sendo acessados no Offmidia.

Convidamos a todos os leitores, que nos dão a honra de suas visitas nesta página diariamente, a visitar este dois sites acima mencionados a partir então da data já anunciada. Esperamos vocês todos lá. Muito obrigado pela audiência.

Atenciosamente,

Sandro Guidalli e Paulo Leite
Editores

 
quinta-feira, fevereiro 13
 

Entrevistei Janer Cristaldo. Aqui

 
quarta-feira, fevereiro 12
  Os sem-teto de Bush
Paulo Leite

Não bastasse a imprensa brasileira, agora temos que aguentar também a tendência à esquerda de órgãos internacionais que mantêm páginas em português na Internet. É o caso da BBC, que já faz tempo deixou de ser isenta. As notícias e colunas publicadas em sua página web são reproduzidas na edição online da Folha de São Paulo e provavelmente em outros jornais e serviços online do Brasil.

Foi através da Folha que descobri a última coluna de Lucas Mendes, escrevendo de Nova Iorque. O assunto: os sem-teto, um dos temas prediletos dos esquerdistas de todo o mundo, sempre que um Republicano ocupa a Casa Branca. Foi assim com Reagan, com Bush pai e agora com o filho. Durante o governo de Bill Clinton, aparentemente, não havia nenhum sem-teto nos Estados Unidos.

Na coluna, Lucas Mendes conta como várias cidades norte-americanas estão impedindo os sem-teto de ocupar praias, praças públicas e calçadas. Como até a população de São Francisco, a mais liberal das cidades americanas, cortou a verba destinada aos "homeless". Como Nova Iorque está tendo problemas para acomodar um número crescente de pessoas em seus abrigos.

Eu já abordei o assunto, mostrando como funciona o golpe dos sem-teto em Nova Iorque, num artigo publicado no Offmídia. Mas Lucas Mendes, aparentemente, não quis se aprofundar na pesquisa. É bem mais fácil partir para afirmações bombásticas, como "em nenhum estado americano, com exceção de Porto Rico, quem trabalha por salário mínimo tem dinheiro para alugar um apartamento de um quarto". Em primeiro lugar, não é bem verdade. Em muitas cidades que não Nova Iorque é possível encontrar casas e apartamentos ao alcance de quem ganha um salário mínimo (uns 900 dólares por mês. Basta olhar os classificados para ver que em muitos lugares é possível encontrar moradia a uns 300-350 dólares mensais). Mas, pior, o jornalista não conta que salário mínimo, por aqui, é pago principalmente a estudantes, trabalhadores de meio-período e imigrantes desqualificados, na maioria das vezes ilegais. A imensa maioria dos que ganham o mínimo mora com a família (caso dos estudantes), ou divide o aluguel com outros trabalhadores na mesma situação (caso dos imigrantes).

E mais: dada a dinâmica da economia americana, dificilmente um trabalhador fica muito tempo ganhando o salário mínimo: com um pouquinho de experiência, arruma emprego melhor e é substituido por outro estudante ou outro imigrante recém-chegado, para quem o salário mínimo é umas dez vezes maior do que o que ganhava em sua terra natal.

Voltando aos sem-teto, Lucas Mendes nota com ironia que "o governo Bush, da compaixão republicana, tem um plano de construir 200 mil apartamentos nos próximos dez anos para os sem teto que são doentes físicos e mentais mas os outros que se virem."

Deixa ver se eu entendo a lógica de Mendes: as prefeituras de Miami, Orlando, São Francisco, Dallas e Madison, Wisconsin, estão contra os sem-teto (pela Constituição dos Estados Unidos, essa é uma questão para os governos locais). O governo federal tem um plano que pode ajudar centenas de milhares de pessoas. E o culpado é Bush? Claro, garante o jornalista: "neste governo os sem teto têm poucos amigos." 
  Pimenta nos olhos dos outros...
Paulo Leite

Umas poucas horas depois do atentado a bomba que matou um norte-americano e feriu outro nas Filipinas, em outubro passado, terroristas islâmicos telefonaram para um alto diplomata iraquiano. A notícia, divulgada pelo secretário de Assuntos Externos filipino, Blas Ople, é mais um indício das ligações do regime de Saddam Hussein com grupos terroristas. O atentado foi obra do grupo Abu Sayyaf, intimamente ligado à al-Qaeda de Bin Laden.

"Parece que imediatamente após o atentato, houve uma ligação para a embaixada do Iraque", disse Ople a um grupo de repórteres em Manila, citando trechos de um relatório "altamente detalhado" da Agência Nacional de Coordenação de Inteligência.

Segundo Blas Ople, "a chamada foi para o diplomata Husham Hussein. Por isso, eu já avisei a Embaixada do Iraque de que essas atividades estão sendo monitoradas pelas agências de inteligência."

Como era de se esperar, a embaixada iraquiana em Manila negou as acusações. Mas, depois de uma reunião com Blas Ople, o segundo oficial mais graduado da embaixada, Samir Bolus, concordou em advertir Hussein para que "cesse e desista de ações inconsistentes com seu status diplomático."

Um porta-voz da embaixada dos Estados Unidos em Manila disse que o anúncio do governo filipino é "muito preocupante, mas nada surpreendente."

Nos Estados Unidos, o aumento nas comunicações entre suspeitos de terrorismo em várias partes do mundo provoca inquietação entre as autoridades, que subiram o nível de emergência doméstica para o código laranja, o segundo mais alto. Vários supermercados estão vendo enlatados, conservas, pilhas elétricas e água mineral desaparecerem rapidamente de suas prateleiras, principalmente em Washington, DC e Nova Iorque, por causa do medo que muita gente tem de não poder sair de casa após um atentado com armas químicas ou biológicas, ou até quem sabe a explosão de uma das chamadas "bombas sujas", carregadas com material radioativo.

Já no Iraque, Saddam continua fingindo que coopera com os inspetores da ONU, enquanto provavelmente se diverte ao constatar quanta gente no mundo parece dar mais crédito a sua versão dos fatos do que à do governo dos Estados Unidos e de outros países europeus.

Em Brasília, por enquanto longe da ameaça dos terroristas muçulmanos, a intelectualidade continua vivendo no mundo da fantasia. O Conselho Universitário da UnB lançou nota em "defesa intransigente da resolução pacífica dos conflitos e da submissão das nações à Carta das Nações Unidas e ao Direito Internacional".

Manifestando preocupação com a "possibilidade de ação bélica unilateral contra o Iraque" (unilateral sendo definido com um grupo de pelo menos 16 países, com outros tantos a caminho), os professores da UnB preferem ignorar os riscos reais e presentes, e proferir platitudes:

"O futuro da vida no Planeta e o bem-estar dos povos que nele habitam exigem soluções urgentes para a devastação, a fome, a epidemia, a ignorância e a pobreza. As riquezas que hoje são investidas em armamentos são mais que suficientes para dar soluções criativas e amplas para esses problemas." 
  O Herói de Chartwell

Estou finalizando a leitura de "Churchill", biografia do gigante britânico escrita por Lord Roy Jenkins (falecido dias atrás, ao 82, sem que se tenha noticiado no Brasil) e traduzido por Heitor Aquino Ferreira com quem esporadicamente tenho o privilégio de contatar por e-mail.

Conheci Heitor através do Nahum Sirotsky. Homem de poucas palavras, foi gentil em me responder dúvidas sobre episódios da vida do ex-primeiro-ministro aliado. Há muito sobre o que dizer do livro e pretendo escrever um artigo sobre ele para o Midia Sem Máscara em breve. O que posso dizer no momento, além de brevíssimos comentários, é que recomendo sua leitura pois se trata de um grande livro e não é porque ele tem 900 páginas.

Como revela o próprio capítulo dedicado a sua juventude, Winston Churchill foi um "moço atrevido". Este atrevimento, sadio muitas vezes, danoso em outras, acompanhou o herói de Lord Jenkins até boa parte de sua vida. Sem ele, talvez, Churchill não tivesse passado por mais de dez cargos de governo antes dos seus 45 anos.

Esta precocidade petulante que, curiosamente, não instigou vaticínios sobre o seu brilhante futuro entre os mais destacados políticos da primeira metade do século 20, levou Churchill a aventurar-se logo cedo em batalhas coloniais na Índia e na Africa do Sul. Primeiro Lord do Almirantado no começo da Primeira Grande Guerra, era um garoto perto de seus interlocutores no front francês, onde juntou-se a Clemenceau e Foch e aos mais importantes generais aliados num impressionante sentido de estar participando da História ainda como coadjuvante.

Churchill, desde novo, exibia um fantástico senso de oportunidade e uma tremenda vontade de trabalhar. Ele queria estar no centro dos acontecimentos a todo custo e não seria exagero dizer que se considerava apto a dirigir o país antes mesmo dos 40 anos, algo impensável num mundo de líderes quase dominado por sexagenários.

Além disso, possuía uma intuição exemplar, vide os prognósticos que fez quando da ascensão bolchevique a partir de 1917. Não estivessem a Inglaterra e a França cansadas da guerra e talvez não tivesse sido difícil para ele convencer seus próceres a encetar nova batalha, desta vez para salvar a Rússia do comunismo. Alguém poderia imaginar que rumo diferente tomaria o mundo se o desejo de Churchill de matar a serpente ainda no ovo pudesse ter sido levado adiante?

Voltarei a comentar o que para mim já é obra indispensável.


 
terça-feira, fevereiro 11
 

Todos pelo Cano

O escudo humano no Iraque, Ignacio Cano, o professor de Sociologia da UERJ que dá ponto diariamente na redação de O Globo é um acadêmico egoísta. Sugiro que com ele, partam para Bagdá o Arnaldo Jabor, Luis Eduardo Soares, Márcio Moreira Alves, Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo. E com um detalhe: só vale bilhetes de ida.

 
 

O Valor Econômico e a censura instantânea. Aqui

 
 

Paulo Leite e a "guerra contra a pobreza". Aqui

 
domingo, fevereiro 9
 

O Observatório y otras cositas más Aqui

 
  Kucinski chegou lá.

Tereza Cruvinal, a porta-voz do governo Lula da Silva lotada em O Globo, anunciou sábado que o professor da USP e ideólogo petista, Bernardo Kucinski, está de malas prontas para Brasília onde irá trabalhar ao lado de Luis Gushiken na secretaria de Comunicação da Presidência da República. Anos e anos de colaboração e militância acadêmica estão sendo retribuídos com uma bela
sinecura, a mesma com a qual foi premiado outro jornalista militante, Eugênio Bucci, agora presidente da Radiobras.

Resta agora saber se o novo comissionado do governo continuará no comando editorial do Observatório da Imprensa, onde reina absoluto. Como de pluralista o negócio de Alberto Dines não tem nada, natural será que Kucinski continue por lá escrevendo sem qualquer constrangimento. Aproveito a ocasião da notícia para republicar logo abaixo trecho de um artigo do advogado Pedro Mayall a respeito do emérito "ombudsman" do Observatório:

"O Observatório da Imprensa, na pessoa de seu editor Alberto Dines, subscreve explicitamente a ética do jornalismo declarada por Bernardo Kucinski, que é integrante do Instituto da Cidadania, think tank do PT, e um dos principais colunistas da Agência Carta Maior, também ligada ao PT. Como é a regra entre os marxistas, para Kucinski o jornalismo e sua ética só fazem sentido num contexto político: "a luta por uma nova ética é também e acima de tudo uma luta política. E portanto essa luta tem que ser condicionada por algumas das leis da política, tais como ser referida a interesses sociais e desenvolver-se através de etapas e objetivos táticos e estratégicos bem definidos. Estar articulada às demais lutas políticas do momento." Ora, se o jornalismo se submete às regras da luta política, então não pode deixar de seguir uma única doutrina política, marchar sob o comando de um único partido político e dedicar-se exclusivamente ao objetivo supremo da política, ou seja, conquistar e manter o poder estatal. Dito de outra forma, o jornalismo tal como o define Kucinski - definição endossada pelo OI - deve ser um instrumento auxiliar da luta política, ou, mais precisamente, propaganda ideológica".

 
Felix qui potuit rerum cognoscere causas

e-mail - guidalli@gmail.com

Editor: Sandro Guidalli