Guidalli.com
sábado, setembro 14
  O homem que cansou de furar o NYT –Parte 2


Nanhum é judeu e, para os judeus, seria muito bom que Saddam fosse derrubado. Mas Nahum, além de ser judeu, é jornalista e o jornalismo que pratica impede que suas opiniões pessoais sejam colocadas acima das regras que norteiam a boa imprensa. –“Não acredito em jornalismo objetivo. Sempre acabamos tendendo para um lado. No meu caso, porém, o que busco é a aproximação da verdade daquele dado momento. Procuro não pender mas não posso esquecer de que sou judeu. Além disso tem o anti-semitismo. Tem o preconceito. Mas procuro, repito, a isenção. É uma busca permanente, pois sou jornalista porra!”


O fato é que Nahum nunca fez propaganda pró-Israel em seus escritos, nunca o vi detratando os árabes. Esse é seu mérito. E é isso que o faz peculiar também. Sobre o recrudescimento da guerra contra o Iraque, Nahum diz que ela virá para estrangular Saddam desta vez. No entanto, faz ressalvas: -“Eu acho francamente que uma ação militar dos EUA, sem o aval da ONU, é muito perigosa. Isso pode abrir precedentes no resto do mundo.”


Mudamos de assunto. Falamos sobre a vida em Israel, sua disposição infinita para acompanhar as sangrentas escaramuças entre israelenses e palestinos de perto. – “Não tenho medo. Se tiver alguém do meu lado não acompanho. É porque eu sei como me comportar. Começa o tiroteio, me jogo no chão e rastejo. Tenho pânico quando sinto que há alguém do meu lado que pode ficar paralisado nessa hora. Vou sozinho”. Diz sentir mais medo no Rio. “Minha cidade (gaúcho de Passo Fundo, Nahum adotou o Rio ainda nos início dos anos 40) está muito mudada, desde que saí há seis anos. Naquela época já tinha tanta grade assim?”. A memória traiu Nahum. O Rio é o mesmo de 96. Um pouco pior, é claro.


Deixo o hotel, quatro horas depois de muita conversa, sem beber nada. Entro num boteco para um chope e para refletir nosso encontro. Ao fundo, uma FM toca Inútil Paisagem, com Elis e Tom. Bebo com vontade. Brindo imaginariamente com Nahum. Que Deus o dê ainda muita saúde.


 
  OFFMIDIA

Como o número de textos e colaborações que recebo tem sido muito grande, resolvi agrupá-los numa página própria. O endereço da página é http://offmidia.blogspot.com. São todos bem-vindos. Quem quiser escrever para ela, basta mandar o artigo ou comentário para o guidalli@terra.com.br

 
sexta-feira, setembro 13
  O homem que cansa de furar o NYT –Parte 1

Copacabana, sete da noite. O quarto é o 208 de um hotel 4 estrelas. Um senhor de 77 anos, aparentando 15 a menos, fortemente gripado, abre a porta e sorri com certa sofreguidão. Senta, afastando uma pilha de papéis, documentos e algumas notas de Shekel relaxadamente espalhados pela cama. Começa a falar com sua voz rouca. É Nahum Sirotsky, o garoto prodígio do jornalismo brasileiro que antes do 20 já era correspondente em Nova York, aos 25 o maior salário da profissão e aos 35 um dos jornalistas mais experientes do país. Aos 77, ainda na linha de fogo, é correspodente da Zero Hora e do IG no Oriente Médio. Vive em Telaviv há seis anos. Quer voltar mas para continuar trabalhando. Aposentadoria é um assunto que não existe para Nahum.


Começo perguntando-lhe sobre o estilo, uma de suas melhores coisas. Um texto que mistura informação, impressões, pesquisa e conhecimento adquirido. Nahum é um craque nisso e está prestes a achar a fórmula perfeita para o texto na Web. – “Pesquiso um estilo de narrativa que contenha elementos de um conto e que envolva o leitor e o leve a ler o texto até o seu final. O segredo está em explicar o significado do fato. Não o relato dele. Um boletim às vezes pode levar uma hora para ser feito. Preciso pesquisar. A meta é facilitar a movimentação do leitor no meio da massa de informações. É isso que eu tento fazer”.


É difícil perceber o que Nahum fala sem ter ao menos lido alguns de seus boletins para o IG ou para um grupo seleto de amigos que os recebe diretamente em suas caixas postais. Em resumo, seu trunfo está em justamente situar o leitor. Mostrar-lhe as consequências e as causas de determinadas ações no conflito árabe-israelense de forma surpreendentemente imparcial. Isso depois de ouvir suas inumeráveis fontes nos Estados Unidos e em Israel. Seu método de trabalho, geralmente na madrugada israelense, possibilita a ele antecipar para o leitor brasileiro as análises ou comentários publicados nos jornalões a serem lidos na manhã do dia seguinte, oito horas depois do despacho noticioso de Nahum.


Pergunto se, com isso, ele não acaba por “furar” publicações americanas também, antecipando-se a elas. – “Claro que não posso competir com as grandes agências no relato imediatamente posterior a um atentado, por exemplo. Posso sim, e faço isso muito, antecipar-me na análise dos efeitos de tais ações. Com o NYT já aconteceu muito. O sujeito lê o que escrevo à noite e no dia seguinte vai ler algo similar nos jornais brasileiros que reproduzem matérias do NYT ou do Post”.


Leia amanhã, sábado - Nahum fala sobre ser judeu e ter que ser imparcial como jornalista num conflito permanente.


 
  A História, segundo o marxista Arnaldo Bloch

Arnaldo Bloch é jornalista de O Globo. Assina uma coluna diária no primeiro caderno chamada “Voto no Ar” em que ele faz uma pequena crítica dos programas eleitorais. A coluna de hoje é dedicada às bobagens lançadas contra a inteligência humana pelo candidato à Presidência pelo PSTU, José Maria de Almeida. Intitulada “A História, segundo o dinossauro Zé”, a coluna de Bloch reclama das asneiras ditas pelo candidato comunista porque elas podem ser confundidas “com o que há de nobre, útil e viável” na esquerda.


Em dado momento, Bloch solta esta outra pérola, coisa comparável com as próprias besteiras que o criticado Zé Maria anda falando na TV: “O socialimso mudou o mundo. Muito do que há hoje em conquistas sociais...vem do confronto de idéias que o pensamento de Marx injetou na História”.


Depois de ler isso, ficamos sem saber quem realmente merece a pior crítica, se o próprio jornalista ou o Zé Maria. Realmente, as idéias de Marx mudaram o mundo. Só que para muito pior. Usando-as como a base ideológica de seus regimes, Lênin, Stálin, Pol Pot, Mao, Fidel e muitos outros ditadores em várias partes do mundo fizeram o Holocausto nazista parecer coisa de amadores em número de fuzilamentos, assassinatos, esquartejamentos e no número de civis privados de liberdade durante seus regimes.


Quando eu digo que a maioria dos jornalistas brasileiros desconhece a história e ama a ideologia socialista, não estou exagerando. Arnaldo Bloch é apenas a mais recente prova disso. Uma pesquisa em livros e uma rigorosa investigação pessoal levaria Bloch a ter vergonha do que escreveu num dos maiores jornais do país. O socialismo sempre que implementado causou pobreza, fome e guerra civil. Não pode haver nada de nobre nele. Isto é básico e por ser básico qualquer jornalista deveria saber disso. Bloch é mais um sujeito mal-informado ou mais um pequeno revolucionário de redação?


 
quinta-feira, setembro 12
  Nahum exclusivo

Nesta sexta, nesta página, leia entrevista exclusiva com Nahum Sirotsky, correspondente do IG e da Zero Hora em Israel. O velho continua em boa forma e fala sobre a guerra, a vida em Telaviv, Bush, a ONU e o medo de andar pelas ruas.....do Rio.

 
  Futuro

A partir de janeiro, quando a extrema-esquerda assumir o poder, vou exigir que eles me tratem exatamente como foram tratados de 1964 em diante: exílio em Paris, indenização, verba do Ministério da Cultura, carta branca para falar sobre qualquer assunto sem ser contestado e uma penca de universitárias querendo ir para a cama comigo. Menos do que isso eu não aceito. Não negocio com minhas convicções.


De Paulo Salles em http://lucidalancis.blogspot.com

 
  Dicas de leitura da semana

Jornalistas e intelectuais de esquerda, a grande maioria do país, costumam responder com ironia e deboche ao interlocutor que ouse dizer-lhes que o comunismo não morreu em 1989 e que ele, ao contrário, anda mais ativo do que nunca. Mas basta ler os jornais do país ou entrar numa livraria para perceber que a sustentação contrária da afirmação ridicularizada é frágil feito o punho de um bebê. Todas as semanas, visito ao menos duas ou três livrarias. E em todas elas, encontro novos livros cujos autores ou são eles mesmos comunistas ou seguem a orientação marxista. A capacidade do mercado editorial brasileiro em absorver esta literatura, em detrimento dos pensadores e analistas que a ela se opõem é infinita, o que dá a dimensão da tragédia que vivemos.


Uma lista básica de livros que não chegam ao Brasil, portanto, está publicada abaixo. De uma forma geral, eles desmascaram a farsa dos intelectuais e jornalistas que, enquanto apregoam a debilidade da doutrina socialista, continuam a fazer-lhe apologias e a estimular a produção editorial de livros, revistas e semanários que a ampara. Enquanto o Brasil não for capaz de ao menos equilibrar esse jogo, nossa pobreza intelectual seguramente permanecerá inabalável. Somos um país que ruma para o socialismo, seja quem vencer as próximas eleições. Sem elementos que sirvam de anteparo à hegemonia ideológica política, como uma imprensa também liberal e conservadora e um mercado editorial pendular, estaremos condenados ao controle absoluto do Estado sobre a vida pensante deste país.





Joseph D. Douglass Jr., Red Cocaine. The Drugging of America and the West, London, Edward Harle, 2000.


Ann Coulter, Slander


Patrick McGowan, Coloring the News


Anatoliy Golitsyn. New lies for Old. The Comunist Strategy of Deception and Disinformation, Atlanta, Clarion House, 1990.


Ladislav Bittman, The KGB and Soviets Desinformation. An Insider’s View, Washington, Pergamon-Brassey’s, 1985.


Anatoliy Golitsyn. The Perestroika Deception. The World’s Slide Towards the Second October Revolution. London, Edward Harle, 1995.


Bill Gertz. The China Threat. How The People’s Republic Targets America. Washington Regnery, 2000.


David Horowitz. The Politics of Bad Faith


J. R. Nyquist. Origins of the Fourth World War. USA, Black Forest Press, 1999.


Roger Kimball. The Long March. How the Cultural Revolution of the 1960s Changed America. San Francisco, Encounter Books, 2000.


E. Michael Jones. Libido Dominandi. Sexual Liberation and Political Control. Indiana. St. Augustine’s Press, 2000.


Bernard Goldberg. Bias. A CBS Insider Exposes How the Media Distort the News. Washington, Regnery, 2002.


Jean-François Revel, La Grande Parade.


Jean Sévillia. Le Terrorisme Intellectuel. De 1945 à nos Jours. France, Perrin, 2000.

 
quarta-feira, setembro 11
  MST, Lula e os burgueses

Empolgado e à vontade num comício realizado para companheiros, integrantes do MST e sindicalistas da Contag em Caruaru (PE), na noite de terça-feira, Lula acabou reafirmando o que o PT diz no papel de seu programa de governo, caso chegue finalmente ao poder federal: revolucionar o campo. De acordo com a estratégia do PT, a idéia é mudar as estruturas de dominação em regiões onde “elites conservadoras que mandam no país há séculos perpetuam as condições de pobreza”.


Podemos esperar talvez por aqui uma espécie de “deskulakização” empreendida por Stálin na União Soviética no começo da década de 30? O tempo dirá quais serão os efeitos da política do PT para o campo. O que importa dizer aqui é que Lula deixou claro que não irá reprimir o MST enquanto que, aos empresários rurais, diz que apenas ele será capaz de “conter” o MST. Qual dos Lulas está falando a verdade, fica a critério do leitor. Eu opto pelo primeiro, o que irá dar rédea solta aos “companheiros de luta” pela terra.


Dentro deste contexto, alinhavado a partir das declarações mais francas de Lula (por um momento talvez, o candidato tenha relaxado no personagem “paz e amor” que assumiu “apenas” para vencer a eleição), estão duas reportagens. Uma assinada pelo correspondente da Folha em Pernambuco, Fabio Guibu. Outra, emitida ao Rio também de Caruaru pela enviada especial de O Globo, Lydia Medeiros.


Comparando-as, é possível verificar que a repórter do diário carioca foi precisa, objetiva e afinada com o espírito da correspondência de campanha. “Sem repressão ao MST”, diz o título da reportagem, destacada inclusive na primeira página do jornal. No lead, curta e grossa, Lydia relata o que de mais importante foi dito na noite de Caruaru: “Cercado por militantes do MST e da Contag, Lula prometeu ontem, em comício.., não reprimir as ações do MST se eleito e pediu ao sem-terra que o ajudem a vencer no primeiro turno”.


Dizendo o contrário, ou seja, que foi o MST quem disse que irá declarar apoio a Lula (assim como o candidato, eu também achei que isso já fosse coisa óbvia) e omitindo a informação dada pelo candidato de que não irá reprimir os sem-terra, o correspondente da Folha limitou-se a supor que o apoio não era ainda explícito porque poderia ser danoso à campanha de Lula. De bom, o relato tem uma declaração de Jaime Amorim, da direção nacional do Movimento: “..a burguesia não tem como usar isso (o apoio do MST a Lula) contra”.


Mas O Globo foi além. Diz que Lula comparou o Brasil à Africa do Sul do “apartheid”, quando 80% dos trabalhadores eram dirigidos, como aqui hoje, segundo ele, por uma elite minoritária branca. Mais explícito quanto ao que Lula irá promover no Brasil, se eleito, impossível. Graças ao Globo, portanto, ficamos sabendo disso. Quanto à Folha...


 
  Clóvis Rossi e a superação do deboche

Em sua coluna de hoje na Folha, Clóvis Rossi inaugurou o que podemos chamar de a superação do deboche. Isso o faz aproximar-se do cinismo mas prefiro deixar que o leitor tire suas próprias conclusões sobre para onde tende este senhor. A coluna dedica-se a lembrar outro 11 de setembro, o de 1973, em que o presidente do Chile, Salvador Allende, foi deposto em golpe militar apoiado pelos Estados Unidos.


Em dado momento do texto, vejam o que diz CR: “O fato é que os interesses estabelecidos, com financiamento norte-americano, mostraram contra Allende e seu ensaio de socialismo democrático uma sanha maior até do que a dos terroristas da Al Qaeda contra os Estados Unidos”.


CR está querendo dizer então que a deposição de um presidente claramente comunista como Allende, foi uma agressão maior que a dos terroristas árabes contra os Estados Unidos!!! E que o evento de 1973 foi similar ao evento de 11 de setembro passado. O absurdo das especulações do senhor Clovis Rossi é tão grande que de duas uma: ou trata-se de uma brincadeira de mau gosto, ou está provado que o jornalista é uma pessoa que perdeu o sentido das proporções e das circunstâncias históricas que devem nortear qualquer analista político. Uma perguntinha apenas: será que quando é a esquerda a dar golpes, estas ações são similares também ao 11 de setembro, ou a coisa só vale quando Allendes e Jangos da vida são defenestrados?



 
  O antiamericanismo contraditório


Um raciocínio contraditório ainda permeia as discussões na imprensa sobre os efeitos do 11 de setembro. Ele atinge principalmente jornalistas e intelectuais antiamericanos, como um Jânio de Freitas e uma Yvonne Ridley, ex-refém dos talebans, hoje convertida ao Islã e ferrenha adversária da política de George W. Bush. Hoje na Folha, por exemplo, tanto seu articulista mais prestigiado quanto Ridley, numa entrevista concedida a Paulo Daniel Farah, revelam mais uma vez a contradição: ao mesmo tempo em que condenam duramente o que chamam de “belicismo americano”, culpam os Estados Unidos por ainda não ter capturado Osama Bin Laden.


Para pessoas que pensam assim, esmagar Bin Laden seria o mesmo que acabar com o terrorismo, como se ele, o terrorismo, pudesse depender apenas do líder da Al Qaeda. Este raciocínio torpe leva-nos a crer que Saddam Hussein, Yasser Arafat e todos os demais opositores do capitalismo ocidental, Fidel Castro inclusive, não têm nada a ver com a luta antiterror e que, bastando calar o líder saudita, estaria encerrada a epopéia iniciada em 11 de setembro passado. Os Estados Unidos assim, poderiam recolher-se e aguardar, imagino eu, um novo ataque sem o direito de reduzir a pó a imensa engrenagem terrorista em volta do mundo a ameaçar permanentemente a vida de seus habitantes.


Nunca, em tempo algum, um país agredido foi tão hostilizado quanto os Estados Unidos. Transformado em agressor, resta agora torcer para que o senhor Jânio e a senhora Ridley estejam certos. Basta matar Bin Laden e tudo voltará ao normal.


 
  Folha e O Globo nesta terça. O que fazer com Saddam?

A partir do momento em que está claro que a ONU e toda a esquerda mundial defendem Saddam Hussein - (em que pese a pressão dos diplomatas de NY para que o Iraque abra as portas dos seus laboratórios, SH ignora olimpicamente os apelos, que, afinal, são só isso mesmo, apelos) - quanto menos informações contra o ditador forem fuçadas, melhor. Mas parece que foi impossível evitar a divulgação daquilo que todo mundo sabe mas que boa parte dos que sabem quer esconder dos que ainda duvidam: o Iraque pode preparar armas atômicas, químicas e biológicas rapidamente e sem maiores burocracias.


Detalhes do poder de SH foram revelados pelo Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS), baseado em Londres. Veja o que disse Terry Taylor, diretor do IISS, à rede de TV britânica GMTV, segundo a correspondente de O Globo na Inglaterra, Maria Luiza Abbott: — Não tenho dúvidas de que o regime de Saddam Hussein tem programas de armas nucleares, biológicas e químicas, e de mísseis que estão avançando e são uma ameaça à região e ao mundo".


Pois enquanto O Globo partiu, na minha opinião, para uma linha mais realista, a de tratar editorialmente o assunto com a seriedade que ele merece, a Folha resolveu fazer o jogo da defesa de SH e, numa matéria assinada pela redação, só foi falar do poder de fogo iraquiano no terceiro parágrafo, assim: "Porém o diretor do IISS, John Chipman, (segundo O Globo este é o presidente do IISS) diz que se o Iraque conseguir urânio enriquecido com ajuda externa poderia em um período de até um ano instalar uma ogiva em um míssil capaz de atingir Arábia Saudita, Kuait, Israel, Turquia, Jordânia e Irã".


O próprio título da Folha foi um primor: "Bagdá não possui material para fazer bomba, diz instituto". Enquanto que O Globo: "Munição contra Bagdá". Depois de ler as duas matérias, não resta dúvida para mim: O Globo percebeu muito melhor a gravidade da coisa enquanto a Folha "esfriou" o material para ser coerente com a linha de abordagem que escolheu, ou seja, pró-Saddam. Vejam o lead da matéria do jornal da Barão de Limeira: "A capacidade militar do Iraque no campo das armas de destruição em massa caiu desde a Guerra do Golfo (91) e o país não teria hoje material suficiente para produzir uma bomba atômica, segundo estudo divulgado ontem pelo IISS....".


O que fica claro com o relatório, objetivamente, e que nem O Globo nem Folha souberam informar ao leitor, embora o primeiro tenha tratado melhor o caso, é o seguinte:


1 - Não há provas de que Bagdá ainda não tenha produzido bombas nucleares. Há uma possibilidade de que ainda não, assim como há uma possibilidade do contrário. Não se pode afirmar para que lado a verdade pende. Na dúvida, deve-se fazer o quê? 2 - Supondo que o Iraque não possua material para vitaminar seus mísseis, - são 12 os de longo alcance, - com urânio, quem o impediria de comprar ou de obter? A ONU? 3 - Ainda que para especialistas o relatório não tenha muita novidade, então ele deveria ratificar a posição pró-ataque dos EUA e não o contrário, como tentam induzir os que o menosprezam ou o utilizam para efeito oposto, o de apregoar a inoportunidade de um ataque.


Seja como for, o assunto foi um dos raros momentos, ultimamente, em que dois jornais de circulação nacional esboçaram uma diferença no tratamento editorial, o que foge à mesmice que impera entre os impressos. A briga entre eles é para ver quem publica a asneira maior.


 
segunda-feira, setembro 9
  Irônica e burra

Apenas para ilustrar um pouco mais a crítica à revista Veja desta semana, na página 40, dentro da reportagem especial sobre o primeiro aniversário do 11 de setembro, uma foto-legenda diz o seguinte: "Obsessão Perigosa - As iniciativas do governo americano estão causando mal-estar internacional. Acordos são ignorados e fiéis aliados dos EUA vêm sendo tratados com desprezo ou prepotência. Em lugar da cabeça de Bin Laden, Bush está obcecado com os bigodes de Saddam..."


O pequeno texto entre duas grandes fotos, uma de Saddam em seu gabinete e outra, a de cima, de um porta-aviões americano, talvez seja o melhor exemplo do que digo abaixo. Vamos por partes. A nota começa dizendo que as ações dos EUA estão causando mal-estar internacional. Mas será porque acordos são ignorados e os aliados têm sido tratados com desprezo? Pelo editor e criador do texto não passou pela cabeça o seguinte: isolados politicamente, principalmente pelos agentes do poder mundial que o querem enfraquecido, os Estados Unidos estão tentando se defender, ora removendo o Talibã, ora bombardeando os suprimeiros químicos de Hussein. É evidente que, a continuar sua política anti-terror, os americanos estarão causando mal-estar, pois só causariam bem-estar no cenário mundial que o hostiliza se Bush fizesse o que querem que ele faça, ou seja, nada.


Se já mostrou ignorância ao interpretar mal a questão, o editor de Veja mostra ironia ao dizer que Bush está obcecado com os bigodes de Hussein. Não é bem com os bigodes do ditador iraquiano. É com a capacidade que ele, Hussein, tem de armazenar armas químicas e de financiar o terrorismo internacional. Qualquer chefe de estado com bom senso faria o que Bush está fazendo para proteger seu país, o que não foi o caso de Clinton, por exemplo. Em resumo, o texto apenas repete, uma vez mais, a linha assumida pela imprensa mundial esquerdista, nada além disso. E o editor, garanto, deve ter ficado envaidecido pelo que criou. Porca miséria.

 
  A Veja nunca mais foi a mesma

A revista Veja que está nas bancas esta semana, edição 1.768, traz como reportagem especial de capa um pequeno balanço analítico da política internacional um ano após os atentados de setembro do ano passado. A manchete: “11 de setembro, o mundo nunca mais foi o mesmo”. A edição da revista poderia ser resumida com esta reportagem, o que faria a editora Abril economizar os custos com papel, cada vez mais altos.


Afirmo isso porque não há nada, exceto as 26 páginas destinadas ao texto de capa, que justifique a impressão da revista com suas 110 páginas. São tão fúteis e banais as demais reportagens e notas que ao leitor mais crítico irá sobrar apenas o texto principal para ser analisado depois de lido. E ele mesmo não escapa ao menor exame, como veremos a seguir. Seja como for, para sermos honestos com a publicação de Roberto Civita, fica aqui registrado a boa pauta de capa, ainda que óbvia, e o esforço em compilar algumas páginas que, afinal de contas, sustentam a revista inteira esta semana.


Veja partiu para três linhas de análise. A primeira, sobre as causas que fazem dos Estados Unidos o representante enfraquecido do capitalismo mundial, defrontando-se ora com a crise de confiablidade nas grandes corporações, ora com o hostil mundo mais radical do Islâ. A segunda linha de análise do 11 de setembro tem como principal personagem o presidente dos EUA, George W. Bush, responsável por Veja pelo isolamento belicoso da maior potência do planeta. Finalmente, numa terceira análise, a revista envereda pelo Islãmismo e pelos personagens heróicos do dia do atentado, mostrando fotos de como ficaram logo após o tombamento das torres e agora, quase um ano depois do fato. Vale notar que as imagens publicadas ao longo da reportagem ocupam bem mais espaço do que o próprio texto dedicado a ela. Diria que é o texto quem ilustra as fotos e não o contrário.


Veja acerta em parte a primeira análise mas erra completamente na segunda e na terceira. Iniciemos pela última parte. O texto afirma em seu lead que um dos efeitos notáveis dos atentados foi o de ter revelado para a maioria das pessoas “a existência de um mundo obscuro, agressivamente primitivo e vingativo, o do fundamentalismo islâmico”. Primeiro erro. Por mais que se tente imaginar que boa parte das pessoas tenha obviamente se surpreendido com os ataques vindos do mundo árabe, sua versão mais radical, a dos grupos palestinos e xiitas, há quase meio século vem tocando o terror no Oriente Médio. O que os atentados mostraram foi algo muito mais impactante: a descoberta da vulnerabilidade dos Estados Unidos, transformado nos últimos anos numa peneira pela qual todos os agentes terroristas puderam entrar no país, alojarem-se e preparem a ofensiva que derrubou as torres e horrorizou o mundo. Só quem desconhece a história do século 20 poderia sentir-se surpreendido com “o mundo obscuro, vingativo e agressivamente primitivo do fundamentalismo islâmico”.


O segundo erro de Veja é o de ter-se apoiado na tese de Samuel Huntington, de Harvard, de que a disputa ideológica entre capitalismo e comunismo acabou em 1989 e que, a partir daí, o “confronto global mais iminente seria o choque das civilizações entre o Ocidente e o Islã”. Ora, tanto isso não é verdade que é o comunismo um dos principais agentes hoje no mundo que apóiam a ação de grupos terroristas de Bin Laden. É a ideologia comunista que está por trás do governo mundial da ONU, o verdadeiro adversário dos Estados Unidos dentro dele mesmo, inclusive, ao lado dos terroristas árabes. O tal “choque de civilizações” preconizado pela fonte de Veja nada mais é do que o choque entre dois impérios: um enfraquecido, o dos EUA, e o do poder global com amparo da ONU e que estimula a criação de tribunais penais internacionais, o protocolo de Kioto e o paulatino enfraquecimento das Forças Armadas de países como o Brasil, por exemplo.


Outro erro de Veja concentra-se justamente em achar que a agenda globalista precisa ser aceita pelos Estados Unidos. Se o poder estatal americano está sendo isolado, não é por culpa dele em não aceitá-la e sim por culpa dos organismos e fundações internacionais, com a ajuda da Europa, em pressionar Bush em patrociná-la também. A revista chega a ser ingênua demais ao achar, por exemplo, que um Tribunal Penal Internacional iria punir ditadores “e outros facínoras poderosos que patrocinam crimes contra a Humanidade”. Por acaso Fidel Castro, Kim Jong Il e Saddam Hussein estão sendo perseguidos pelo juíz Baltasar Garsón? Por acaso estes senhores do “eixo do Mal” já estão presos em Haia ao lado de Slobodan Milosevic?


O espaço deste blog não permite ir muito além, mas são muitas as observações críticas que precisam ser feitas em relação à reportagem de Veja. Apenas para finalizar, em que pese a defesa que faz da liberdade americana, a revista acaba ecoando o que diz a esquerda mundial, os defensores de Arafat e do poder global da ONU. Em síntese, eles pregam o seguinte: os Estados Unidos são os agressores e não as vítimas do 11 de setembro e não têm direito a revidar a agressão sofrida. Precisam ser enfraquecidos junto com o capitalismo mundial em nome do surgimento de um imenso e tentacular poder socialista global, comandado pela ONU com apoio da China, Rússia, Europa e dos países da América do Sul, prestes a seguir a orientação do comandante Castro. O analista que não prever sequer em parte estas questões, estará repetindo, feito um macaquinho brasileiro, o que é pregado lá fora. E com Veja não foi diferente disso. Seus editores estão sim a macaquear a imprensa mundial, mas, infelizmente para seus leitores, o que ela tem de pior para ser emulado.


 
  Alberto Dines, Ciro, a Folha e o PT

O texto abaixo é do advogado Pedro Mayall, um dos mais implacáveis observadores da mídia brasileira. O assunto em pauta é o veterano jornalista Alberto Dines, um sujeito que se autoproclamou o fiscal da imprensa brasileira sem poder ostentar os mais elementares princípios que norteiam tal pretensão: honestidade, imparcialidade, isenção e apartidarismo.


Petista até o último fio de seus já ralos cabelos brancos, Dines resolveu atacar a Folha por ela dar espaço ao ideólogo da candidatura de Ciro Gomes, o amalucado Mangabeira Unger. O que Dines quer na verdade é estrangular qualquer manifestação na mídia pró-Ciro, o único dos três opositores de Lula que pode ser considerado um opositor de verdade do PT (politicamente pois ideologicamente são todos eles iguais).


O resultado disso é o que segue abaixo..



Pedro Mayall - A pretensão de Alberto Dines de ser o fiscal inflexível da imprensa brasileira não resiste ao mais superficial exame crítico. Para ilustrar: O veterano jornalista acusa a Folha de São Paulo de apoiar tacitamente Ciro Gomes em artigo divulgado na última edição do Observatório da Imprensa. Motivo? A publicação naquele jornal da coluna de Mangabeira Unger, ideólogo de bolso do ex-governador do Ceará. E mais nada de relevante, apenas fofocas. Ora, quem quer que leia ocasionalmente a Folha não poderá negar, sem mentir descaradamente, que o veículo apóia o PT agora, como vem apoiando há anos.


Há muito mais ideólogos e simpatizantes de Lula do que de Ciro escrevendo no diário paulista, se é que há algum a favor deste último, além de Unger. Como então interpretar o ataque escandalosamente inverídico de Dines? Simples, o editor do Observatório da Imprensa está agindo, como sempre, no interesse do PT, uma vez que importa estrangular a candidatura de Ciro. Dines quer a cabeça de Mangabeira Unger e menos espaço na imprensa para Ciro, que já não tem mesmo quase nenhum.


Alberto Dines é uma ilha cercada de petistas por todos os lados no Observatório da Imprensa. O governo Olívio Dutra vetou a retransmissão do programa televisivo do OI na TV estatal do Rio Grande do Sul, porém, fora umas poucas e patéticas reclamações, Dines continua emprestando seu prestígio pessoal a uma empreitada nitidamente petista. Estranho jornalismo masoquista: o mesmo movimento político que supostamente censura o OI não deixa de merecer sua adesão implícita e explícita.


Um dos mais ortodoxos ideólogos do PT, Bernardo Kucinski, escreve em praticamente todas as edições do OI e foi alçado recentemente por Dines à condição de guia ético supremo da publicação. Convenhamos, é abusar do direito de ser cara-de-pau o roto falar assim (e, pior, mentindo) do rasgado. Quem é ele para exigir neutralidade da Folha? Dines e seu OI, é claro, têm o direito de sustentarem o partido político que bem quiserem. Mas não têm o direito de apoiar simulando que não apoiam. A imoralidade está na mentira. Para usar as mesmas palavras com que o conceituado jornalista açoita a Folha de São Paulo, "no peito de Alberto Dines bate um coração pró-Lula. Nada demais, escolher é legítimo. Ruim é fingir indiferença e distanciamento olímpico."



 
  A Lógica da sra. Katia Lund e a anemia da TPM

Recebo nova colaboração de Bia Moraes. Notem que, além das observações pessoais dela, uma coisa muito importante a ressaltar é a total falta de crítica dos jornalistas em relação ao que diz e ao que faz esta senhora aí do título. Que ela seja exaltada pela imprensa, tudo bem. Mas pela imprensa inteira? Será que não há ninguém nas redações que a julgue por outro ângulo? Não. Os jornalistas pactuam mesmo com o comportamento da classe artística e sua paixão pela criminalidade.




Bia Moraes - O filme Cidade de Deus está gerando centenas de críticas e comentários, como não poderia deixar de ser. Repito, ainda não assisti - e não deixarei de fazê-lo. Portanto, meu comentário não se refere ao filme, e sim especificamente à entrevista da Katia Lund à revista TPM.



O que choca é que pessoa ter voz na mídia e usar esse espaço para glamourizar uma situação complexa como a dos morros cariocas e o tráfico de drogas. A mocinha rica acha que conheceu a "realidade brasileira" nos morros do Rio de Janeiro. Faz daquele lugar seu playground particular, passando finais de semana lá. Elogia um criminoso "inteligente" usando o discurso equivocado do "ele é uma boa pessoa, mas não teve outro jeito a não ser virar traficante".



Será que a repórter e o editor da revista não tem um pingo de senso crítico ao decidirem reproduzir tanta asneira? Isso é de uma irresponsabilidade triste. Me espanta a total ausência de consciência crítica. Explica em boa parte porque a nossa juventude-classe-média é o que é. As pessoas não fazem, ou não querem fazer, a conexão entre seus prazeres pessoais e o crime. Alguém já parou para pensar o que está por trás de cada carreirinha de pó cheirada na festinha, de cada baseadinho fumado na tranquilidade do lar, "em paz"?



Depois, pra se redimir, o negócio é sair fazendo (ou assistindo e comentando) filmes, documentários, reportagens, etc, "denunciando" que os traficantes recrutam crianças, que os jovens que trabalham para o tráfico morrem antes de completar 21 anos - e geralmente brutalmente assassinados - que os traficantes mandam nas comunidades e na polícia, etc etc etc. Como se nós - a elite classe média e intelectualizada, formadora de opinião - não tivéssemos nada a ver com isso.



Katia Lund pode ter realizado um grande filme - é o que todos estão dizendo. Lembro, em primeiro lugar, que o mérito não é só dela, é também de Fernando Meirelles e de toda a equipe, porque cinema é antes de mais nada trabalho em equipe. Mas a mocinha rica, infelizmente, ainda não saiu da bolha. Não adianta ela cuidar de crianças pobres do morro, ir passar finais de semana na comunidade e trocar cartas com Marcinho VP. Não adianta ela ser "meio" marginal, não tendo conta em banco e vivendo com pouca grana, como ela diz lá. Não entendeu nada, como mostrou na entrevista.



A tal da "realidade brasileira" é muito mais complexa do que essa visão simplista da Katia Lund. Sou repórter policial há dois anos e meio. Há dois anos e meio, vejo favela, periferia, bandido, polícia, assassinatos, crimes, corrupção, tráfico - enfim, o tal do submundo - quase todos os dias. Vejo, convivo, vou lá nas nossas favelas curitibanas, o equivalente aos morros cariocas, entro nas casas, converso com as pessoas, sei como e porquê crimes e chacinas são cometidos. E a cada dia me surpreendo e aprendo mais. Sou também uma garota branca, classe média, criada com todos os confortos materiais e educada em colégios particulares. Nesses dois anos e meio, tive verdadeiros choques de "realidade". Minha cabeça já deu duzentos nós. Já mudei de idéia e opinião a respeito de crime, leis, tráfico e sociedade outras duzentas vezes. E acho que ainda estou bem longe de saber o que é essa tal de realidade brasileira.



Só sei que se eu fosse chamada a dar uma entrevista tentaria não ser tão irresponsável como foi Katia Lund.



 
domingo, setembro 8
  O óbvio que a mídia brasileira não revela

Publico abaixo o artigo de Constantine Menges que mostra muito o futuro deste país sob eventual governo Lula. Mas como este blog destina-se a criticar a imprensa, enquanto isso for possível, o que interessa aqui é dizer o seguinte: nenhum jornalista deste país nas redações das grandes revistas e jornais do Rio e de São Paulo tem a vontade de investigar o tema ou pelo menos de confirmar ou não o que diz este senhor. A reação típica dos jornalistas neste caso varia entre ignorar em absoluto o assunto ou fazer o que fez o Marcio Moreira Alves em sua coluna de O Globo (ver comentário mais abaixo).



Os brasileiros, por isso, não sabem o que ocorre na América Latina e no mundo porque os jornalistas que fazem os jornais que nós lemos ou não querem que saibamos a verdade ou eles mesmos ignoram tudo, equiparando-se assim aos leitores de um modo geral. Quanto aos correspondentes brasileiros em atividade no exterior, bem, o que eles fazem, exceto o Nahum Sirotsky, qualquer um de nós pode fazer aqui com a Internet.



FORMAÇÃO DE UM NOVO EIXO DO MAL


Por Constantine C. Menges


Pub. em 07.08.2002 em The Washington Times (www.washtimes.com)


Uma nova ameaça de arma/míssil balístico nuclear e terrorista pode muito bem vir de um eixo incluindo Cuba de Fidel Castro, o regime de Chavez na Venezuela e um presidente radical recentemente eleito no Brasil, tudo com ligações com o Iraque, Iran e China. Ao visitar o Iran, no mês passado, Castro disse: "O Iran e Cuba podem colocar a América a seus pés", enquanto Chavez expressou sua admiração por Saddam Hussein durante visita ao Iraque.


O novo eixo ainda é evitável mas, se o candidato pró-Castro for eleito no Brasil, os resultados poderiam incluir o restabelecimento, pelo regime radical do Brasil, de seu programa de armas nucleares e mísseis balísticos, com o desenvolvimento de ligações muito próximas com estados patrocinadores do terrorismo, tais como Cuba, Iraque e Iran, e a participação na desestabilização das frágeis democracias vizinhas. Isso poderia resultar em 300 milhões de pessoas, em seis países, submetidas ao controle de regimes radicais anti-norte-americanos e na possibilidade de que milhares de terroristas recém-doutrinados ataquem os Estados Unidos, a partir da América Latina.


Os brasileiros terão eleições presidenciais em outubro e, se as atuais pesquisas servirem de guia, o vencedor poderá ser um radical pró-Castro com extensos ligações com o terrorismo internacional. Seu nome é Luis Inácio Lula da Silva, o candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores, que atualmente tem aproximadamente 40% das intenções de votos nas pesquisas.


Lula não faz segredo de suas simpatias. Ele é um aliado de Castro há mais de vinte e cinco anos. Com o apoio de Castro, Lula fundou o Fórum São Paulo, em 1990, como um encontro anual de comunistas e terroristas radicais e organizações políticas da América Latina, Europa e Oriente Médio. O Fórum tem sido usado para coordenar e planejar as atividades políticas e terroristas no mundo contra os Estados Unidos. O último encontro, realizado em Havana, Cuba, em dezembro de 2001, envolveu terroristas da América Latina, Europa e Oriente Médio e condenou severamente a administração Bush e suas ações contra o terrorismo internacional.


Assim como Castro, Lula responsabiliza os Estados Unidos e o "neo-liberalismo" por todos os problemas reais e econômicos que o Brasil e a América Latina enfrentam. Lula chama a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) de uma trama para americanizar o Brasil, e tem dito que os líderes internacionais que falam em pagamento de seus 250 bilhões de dólares em empréstimos são "terroristas econômicos". Ele disse, ainda, que aqueles que estão retirando seu dinheiro do Brasil por medo de seu regime também são "terroristas econômicos". Isso dá uma idéia sobre o tipo de "guerra anti-terrorista" que seu regime conduzirá.


O Brasil é um país vasto, dotado de riquezas, quase do tamanho dos Estados Unidos, com uma população de cerca de 180 milhões de habitantes e a oitava economia mundial (com um PNB de mais de 1,1 trilhões de dólares). Também se poderia tornar, em breve, uma das potências nucleares mundiais. Entre 1965 e 1994, os militares trabalharam ativamente para desenvolver armas nucleares, tendo sido bem sucedidos no projeto de duas bombas nucleares e, segundo relatos, estavam prontos para testar um artefato nuclear, quando o regime democrático que acabara de ser eleito e uma investigação do Congresso levaram ao fim do programa.


A investigação revelou, entretanto, que os militares venderam oito toneladas de urânio para o Iraque em 1981. Segundo o relatório, com o fim do bem sucedido programa de mísseis nucleares do Brasil, a equipe e 24 cientistas que participaram do programa foram trabalhar no Iraque. Há relatos de que, com o financiamento do Iraque, armas nucleares estão armazenadas em segredo, contrariando as diretrizes dos líderes democráticos civis.


Lula diz que o Brasil deve ter armas nucleares e aproximar-se da China, que vem cortejando ativamente os militares brasileiros. A China vendeu urânio enriquecido para o Brasil e investiu na indústria aerospacial brasileira, resultando em um satélite de reconhecimento por imagem.


O Brasil faz fronteira com dez outros países da América do Sul, o que ajudaria Lula a rivalizar– como ele disse que faria – a política externa do regime pró-Castro e pró-Iraque da Venezuela de Chavez, que tem oferecido suporte aos narcoterroristas da FARC na Colômbia, bem como a outros grupos antidemocráticos, em outros países sul-americanos. Hugo Chavez trabalhou com Castro para desestabilizar a frágil democracia do Equador há dois anos. Agora, ambos apoiam os líder socialista radical dos plantadores de coca, Evo Morales, que espera se tornar presidente da Bolívia em agosto próximo.


Além de ajudar as guerrilhas comunistas a tomar o poder na combalida democracia da Colômbia, o regime de Lula no Brasil estaria bem situado para apoiar comunistas, narcoterroristas e outros grupos antidemocráticos na desestabilização das frágeis democracias da Bolíivia, Equador e Peru, assim como para tirar proveito da profunda crise econômica da Argentina e do Paraguai.


Ademais, o regime de Lula está propenso a decretar a moratória da dívida externa, provocando um grave recessão econômica na América Latina, assim aumentando a vulnerabilidade dessas democracias e, também, desencadear uma segunda fase de recessão econômica nos Estados Unidos, decorrente da retração das exportações.


Um eixo Castro-Chavez-Lula significaria a conexão entre os quarenta e três anos de beligerância política de Fidel Castro contra os Estados Unidos, a riqueza petrolífera da Venezuela e as armas nucleares/mísseis balísticos e o potencial econômico do Brasil.


Com chegada das nossas próprias eleições em 2004, os americanos podem perguntar: "quem perdeu a América Latina?" Os Estados Unidos foram politicamente passivos durante a administração Clinton, ao ignorar os apelos dos líderes democráticos venezuelanos pela ajuda à oposição às ações inconstitucionais e ilegais de Chavez e, também, por ignorar suas alianças públicas com países patrocinadores do terrorismo. Por que a administração Bush não pode agir antes que vinte anos de conquistas democráticas na América Latina possam ser revertidos? Por que nada pode ser feito antes que um novo flanco sul seja aberto à ameaça terrorista e nossa nação ameaçada pela intenção de mais um regime anti-norte-americano de adquirir armas nucleares e mísseis balísticos?


Esse desastre, para a segurança nacional dos Estados Unidos e para o povo da América Latina, precisa e pode ser evitada, se os nossos estrategistas políticos agirem rápido e decisivamente, mas precisam agir agora. A atenção e as ações políticas oportunas por parte dos Estados Unidos e de outras democracias deveriam incluir o encorajamento para que os partidos políticos pró-democráticos do Brasil sejam unificados em torno de um líder político honesto e capaz, que possa representar as esperanças da maioria dos brasileiros pela democracia genuína e que tenha recursos para conduzir uma efetiva campanha nacional.


Constantine C. Menges, membro senior do Huston Institute, é ex-integrante do Conselho de Segurança Nacional.


Trad.: Marcia G. dos Santos


 
Felix qui potuit rerum cognoscere causas

e-mail - guidalli@gmail.com

Editor: Sandro Guidalli

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