A íntegra do novo artigo de Armando Valladares para o Diário de las Americas está em http://www.midiasemmascara.org/materia.asp?cod=98
Duas notas publicadas na coluna de Mônica Bergamo na Folha desta sexta ilustram muito bem o que venho dizendo nesta página em comentários anteriores a este: a imprensa está começando a publicar informações sobre as relações entre Lula, Chávez, Fidel e as FARC mas de forma a diminuir a importância delas. Em outras palavras, é como se os jornalistas pensassem: tudo bem, não dá mais para ignorar mas também vou mostrar ao leitor que não é nada "sério".
A estratégia foi utilizada pela colunista da Ilustrada nesta sexta. Ela informa que a “ligação” (com aspas mesmo) entre o PT com as FARC tomou impulso com a visita ao Brasil em 99 de Hernán Ramirez, representante da guerrilha e que conversou também com Artur Virgílio do PSDB e com Olívio Dutra, o governador do PT.
As duas notas dão a entender que ambos sentiram-se desconfortáveis com a visita do guerrilheiro e que teria sido um erro recebê-lo. Não tenho informações sobre o encontro do representante das FARC com o parlamentar tucano mas garanto que não houve nada de anormal ou de embaraçoso na visita feita ao RS. Olivio Dutra passou o seu governo dialogando com emissários e interlocutores das FARC e isso é algo absolutamente público naquele estado.
Fingindo-se de arrependido, o deputado petista gaúcho, Marcos Rolim, declara na nota da Ilustrada que “foi um erro” Dutra ter recebido Ramirez. Obviamente que a jornalista Mônica Bergamo não irá empenhar-se em saber o grau de “ligação” , com aspas, como ela quer, entre o PT e as FARC.
Se isto estivesse em sua agenda e na da maior parte dos jornalistas e colunistas brasileiros, todos veriam que o PT nunca se sentiu prejudicado pelas visitas de um emissário da guerrilha marxista. Elas fazem parte, isso sim, de uma relacionamento institucional, mantido pela secretaria de Relações Internacionais do PT e francamente apoiadas pelo governador gaúcho que em janeiro deixará o Piratini.
As notas publicadas por Mônica Bergamo carregam, enfim, uma boa dose de desinformação, a que leva o leitor a entender que a proximidade com as FARC desagrada ao PT quando sabemos, justamente, que ambos, PT e FARC, são aliados na oposição aos EUA e ao capitalismo que ele simboliza. O resto é a velha conversa para boi (leitor) dormir.
Por Sandro Guidalli
Está cada vez mais difícil para Alberto Dines e sua equipe de redação do Observatório da Imprensa sustentar a imagem de isenção e pluralidade que desde sua inauguração é usada para garantir a suposta credibilidade de quem chamou para si o dever de analisar e criticar toda a imprensa brasileira. Responsabilidade, cá entre nós, que não é para qualquer um.
Que fique claro, leitor, que o caso aqui não é o de condenar a criação e manutenção de um site e de um programa feitos por e com a ajuda de jornalistas e intelectuais de esquerda. Alberto Dines e Marinilda Carvalho, por exemplo, poderiam ser da TFP e ninguém teria o direito de criticar ou de tentar suprimir-lhes o direito de divulgar suas paixões.
O caso, entretanto, é o de condenar e de criticar severamente a mastodôntica contradição entre o que prega o Observatório da Imprensa e o que ele publica, defende e expõe, seja através de seu chefe ou através de seus editores-assistentes, amigos, articulistas convidados e jornalistas de um modo geral.
Como se tivessem em mãos algo como as pedras de Moisés, Dines e seus subordinados e amigos costumam usar os fundamentos que supostamente orientam a linha editorial do OI todas as vezes que alguém dirige-lhes a menor crítica, geralmente relacionada à parcialidade com que tratam os assuntos da mídia, da política e da sociedade do país.
Para início de conversa, só o fato de ter entre colaboradores fixos e editores pessoas que mantêm sólidos vínculos com partidos de esquerda, militantes apaixonados do PT e intelectuais claramente e historicamente ligados à esquerda brasileira, já seria suficiente para destruir a reputação de isonomia e imparcialidade do projeto criado por Alberto Dines. Na verdade, esta colaboração entre a esquerda e o OI, já realizou uma “autodesconstrução”. Cabe a esta página, e a outros leitores e jornalistas, apenas explicá-la e relatá-la.
É o que estamos iniciando hoje, seja na crítica direta, na reprodução de artigos, na sugestão de leituras. Se me perguntarem porque é preciso criticar Alberto Dines, eu diria de forma muito simples: nenhum jornalista tem o direito de mentir durante tanto tempo achando que ninguém o irá desmascarar. Muitos já o fizeram. Chegou minha vez.
Sharon vai a Bush ouvir os detalhes finais - Sharon deve estar em Washington quarta que vem quando estará reunido a portas fechadas e entre quatro paredes com Bush e os principais personagens desse lado da guerra. A Casa Branca não quer usar mensageiros nem códigos para explicar ao líder israelense como serão os ataques a Saddam. Dependendo do cronograma que Bush apresentará, Sharon deverá dar a senha ao seu povo: a vacinação em massa contra a varíola. De resto, já estão em andamento os avisos de segurança, estoque de comida e revisão de contingências familiares em caso de ataque biológico. Há uma sensação em Israel, segundo minha fonte, de que esta guerra será diferente de todas as outras. Que ela seja breve e decisiva.
Bush agirá com aprovação da ONU -Apesar da prudência, que manda não confiar jamais na Rússia e na China, há quem garanta em Israel que Bush agirá contra Saddam respaldado pela ONU. E que esse respaldo sairá em duas semanas. Caso esta previsão se confirme, estaremos a poucos dias do início do Ramadã que começa na lua nova de novembro, no começo do mês. É consensual que os EUA não atacarão em novembro. Assim teríamos a guerra já. A viagem de Sharon pode vir a confirmar tudo. Veremos.
A Venezuela está avisando
A impressionante manifestação popular de repúdio ao governo protocomunista de Hugo Chávez ontem em Caracas acabou com as dúvidas (se alguém ainda as tinha) sobre a natureza nefasta de seu regime. Nenhum presidente reúne contra si quase dois milhões de manifestantes numa quinta-feira ensolarada de primavera a menos que algo de muito grave esteja ocorrendo. O homem que dias atrás presenteou Lula com a réplica da espada de Bolívar pode estar com os próprios dias contados. Seu bilhete a Lula, em que dizia que a revolução no Brasil começaria com a vitória do petista dia 27, pode ter sido um aviso, involuntário, de que agora a bola está com o companheiro brasileiro. Pelo jeito, corre-se o risco de não termos a presença ilustre do revolucionário marxista venezuelano na posse do amigo em janeiro. Mas Fidel virá, a menos que o PT não consiga mudar a data da posse para 6 de janeiro.
É maior do que imaginei a repercussão da entrevista concedida por Lula ao jornalista Boris Casoy em que o apresentador do Jornal da Record perguntou ao candidato sobre suas relações com as FARC, Fidel e Chávez. Estou ficando convencido de que o assunto está deixando de circular entre um número muito pequeno de pessoas, que geralmente troca correspondências e informações pela Internet, para ganhar uma esfera maior, passando a roçar a grande imprensa, como já vimos ontem com a Dora Kramer no Estadão.
Não é possível prever, porém, se até o final da campanha eleitoral este assunto ganhará corpo e passará obrigatoriamente a fazer parte da agenda da imprensa. Alguns jornais como O Globo já tiveram que pautar sua reportagem a respeito do eixo Lula-Fidel-Chávez mas no sentido de diminuir sua importância. Como já comentei, especialistas foram ouvidos pelo jornal apenas para descartar o alinhamento de Lula com as forças revolucionárias marxistas do continente.
Também não dá para antecipar se nos próximos debates (Lula quer apenas um) os jornalistas irão tocar no assunto (não acredito nisso) ou se caberá ao próprio Serra fazê-lo. Conversei ontem, casualmente, com um cacique tucano carioca e ele me disse estar entusiasmado com a repercussão da entrevista com Casoy.
Nesta sexta, começa a circular um novo artigo do escritor e jornalista cubano Armando Valladares que ratifica suas preocupações com a política externa de um eventual governo Lula. Valladares foi responsabilizado por Lula, na entrevista com Casoy, pela denúncia, sobre a qual disse, irritado, ser apenas "uma piada de mau gosto".
Os próximos dias nos mostrarão se a mídia francamente pró-Lula conseguirá driblar o tema, a meu ver o mais espinhoso para o PT atualmente. O silêncio nela sobre as relações do PT com o Foro de São Paulo (relações estas que estão disponíveis no próprio site do partido), acerca de seu apoio às FARC e a respeito do que articula o partido com Chávez e Fidel é um escândalo. Privar o leitor destas informações é algo que deveria envergonhar toda a categoria dos jornalistas deste país.
Fomos nesta noite de quinta, eu e o Nahum Sirotsky, dar um pulo até a livraria Argumento, no Leblon, cumprimentar o Flavio Perri, ex-cônsul-geral do Brasil em Nova York e que está partindo para chefiar a representação brasileira na FAO em Roma. Perri, um dos mais competentes diplomatas da sua geração, autografou seu livro "O Encanto dos Orixás" para um grupo de amigos.
Para a minha alegria, estava lá o ex-chanceler no governo Figueiredo, embaixador Saraiva Guerreiro, um dos mais extraordinários ministros do período militar e que viveu o embate da Guerra Fria nos anos que antecederam a rachadura definitiva do muro em Berlim. Dr. Guerreiro está com 83 anos e suas memórias bem que podiam ser reeditadas pela Siciliano. O Itamaraty deve muito a este senhor.
Avisei também ao Flavio Perri que tentarei tirar dele algumas impressões sobre os atentados em NY, agora que a distância no tempo permite que a memória selecione o melhor. Ele viveu momentos terríveis como cônsul-geral e ajudou muitos brasileiros (a filha do Artur Sendas que o diga) naquele inferno que virou a cidade no 11 de setembro.
Não preciso dizer que Nahum Sirotsky foi reconhecido por dezenas de diplomatas. Com alguns deles, viveu momentos de terror na conflagrada Bogotá em 1948 (o famoso Bogotazo) depois que o então candidato à presidência, o liberal Jorge Gaitán, foi assassinado. O fato gerou violentos distúrbios e o curioso foi que alguns jornalistas colombianos, que na ocasião da morte de Gaitán entrevistavam o embaixador brasileiro na sede da representação brasileira, assim que souberam do assassinato pediram asilo político ali mesmo. Na hora.
Antes de terminar, só mais um episódio envolvendo o Nahum, contado pelo Hélio Bloch. Nahum estava na sede da TVE no Rio junto com o Fernando Barbosa Sobrinho quando chegou um rapaz meio desajeitado recém-chegado da Inglaterra. Era o Waltinho Moreira Salles, herdeiro do Unibanco. Quando ele disse ao Nahum que trabalhava para ser jornalista, esse respondeu: "peraí, a gente sonha em ter a vida de banqueiro e você, banqueiro, querendo virar jornalista, ficou maluco?!"
Reproduzo abaixo o final da coluna de Dora Kramer de hoje no Estadão. O colunista Robson Caetano, do OFFMIDIA, me mandou o artigo por e-mail instantes atrás. A ele, meu obrigado.
Mal resolvido - Na noite de terça-feira, Lula aconselhou Boris Casoy a "nunca mais" fazer referências às posições do PT com relação à guerilha colombiana e às figuras de Hugo Chávez e Fidel Castro. Lula mostrou-se ofendido com as perguntas.
Sem razão. Foram deputados do PT que receberam representantes das Farc numa visita ao Congresso há cerca de dois anos - sob protestos de alguns petistas, como Paulo Delgado, diga-se - e as visitas de Lula a Chávez e Fidel não se deram em situação de seqüestro de vontade.
Essa tentativa de imposição da amnésia compulsória às pessoas soa a vitimização de caráter profundamente autoritário. Recurso desnecessário quando se dispõe de argumentos consistentes para sustentar eventuais autocríticas e avanço de posições.
Não é usual ouvir de jornalistas importantes, quanto mais de um que é também dono de jornal, o que a maioria dos leitores sabe, supõe ou desconfia: a mídia brasileira é petista, nada mais que isso, petista.
Por isso, não deixa de chamar a atenção o que escreveu hoje em sua coluna na Folha seu diretor de redação e herdeiro, Otávio Frias Filho. No parágrafo final, a sentença: “O lobby do PT é intenso nos meios intelectuais, que incluem o ambiente jornalístico. O poder em via de se tornar dominante é o PT...”.
O que Frias quis dizer, dentro de um contexto maior, de fato, não é novidade e ele sabe disso pois admite, em seu próprio jornal, repórteres, articulistas e editores notadamente simpáticos ao PT ou mesmo militantes informais dele. Ademais, a exibição de tão eficiente mas desnecessário lobby prova que o poder dominante já é o PT. A eleição de Lula em 27 de outubro representaria o desfecho de tal processo de dominação.
Aliás, o comportamento do jornal da Barão de Limeira sob a presidência de Lula será o maior termômetro da relação imprensa-poder em 2003. Se a Folha capitular diante dos primeiros erros ou dos primeiros sinais de autoritarismo, podem estar certos os leitores de que a situação será dramática.
Se há um jornal do qual espero as mais firmes reações diante das primeiras trapalhadas do PT no Planalto, este jornal é a Folha. Sua independência ou não revelará tudo. Veremos então qual a postura de Frias e seus subordinados diante do poder “em via de se tornar dominante”.
Como não assisti à entrevista de Boris Casoy com Lula na última terça, estou apurando informações sobre a pergunta que o jornalista fez ao candidato sobre suas relações com as FARC. O que apurei até agora foi que a questão, fora do script da assessoria do petista, irritou-o profundamente num primeiro momento. Poucos minutos mais tarde, Lula teria voltado a falar sobre o assunto, supostamente mais calmo, para desta vez atribuir os comentários que o ligam à guerrilha marxista colombiana a “um jornalista picareta de Miami”, segundo teria dito ele.
O “jornalista picareta de Miami” é Armando Valladares, um dos poucos jornalistas latino-americanos que vêm denunciando o Foro de São Paulo e os vínculos entre Lula, Fidel, Chávez e as FARC. Me disseram que Valladares prepara uma resposta à Lula que irá esclarecer ainda mais a questão. Aguardemos.
Enquanto ela não vem, resta-nos cumprimentar Boris Casoy pela “ousadia” da pergunta. A resposta dada pelo candidato é reveladora destas ligações que o PT tenta esconder no Brasil com o apoio da imprensa daqui. Nenhum jornal, até agora, tratou o assunto com honestidade e quando o fez, usou o tema para diminuir sua importância. Mas a pergunta é: até quando será possível ocultar isso do eleitor?
Coisa de jornalista-militante 1 - Ancelmo Gois, colunista de O Globo, velho eleitor de Lula e Brizola, não vem conseguindo mais refrear a torcida em favor da candidatura petista. Que a sua propaganda pró-Lula sempre tenha sido coisa conhecida dos leitores, agora porém ela tende a aumentar com a proximidade do segundo turno. Hoje, apenas para citar um pequeno exemplo, ele chama de “coisa de gaiato” a criação de uma página na Web por eleitores contra Lula. Quando surgiram os sites “Rosinha Não” e “Crivella Não” (candidato vitorioso ao Senado pelo PL e que bateu de longe o Brizola), a coluna do sr. Ancelmo fez festa. Quando se trata do Lula, entretanto, é “coisa de gaiato”. Ele diz que o endereço da página é www.naoquerolula.hpg.ig.br mas é bom conferir. Do que jeito que ele anda é capaz de ter divulgado o endereço errado.
Coisa de jornalista... 2 - Marinilda Carvalho é militante petista (veja você mesmo em http://marinildadas.blogspot.com) o que não a impede de ser editora-assistente do site Observatório da Imprensa (trata-se da milésima prova de que o OI é parcial, militante e agente do esquerdismo na mídia brasileira) mas essa é outra história que merece um artigo especial. O importante aqui é ressaltar que Marinilda, 56, mostra bem como jornalista de esquerda pensa e age (na maior parte das vezes feito adolescente). Para eles, Lula precisa ser beneficiado TODOS os dias na imprensa. Se por acaso uma foto dele venha a ser editada em segundo plano na capa de um jornal, pronto, é um escândalo suficiente para provar que o jornal, no caso O Globo, persegue o petista (Deus, dai-me paciência infinita) e beneficia Serra, melhor diagramado pelo editor do jornal. Parece piada mas está tudo na homepage do OI para ser comprovado, em uma nota da autora em questão, sob o título “Cai a máscara na reta final”.
Dois novos e excelentes blogs na web brasileira. Não deixem de visitar:
http://acreditesequiser.blogspot.com
http://agonizando.blogspot.com
Lula recebeu no domingo mais um presente de Grego, depois da garrafa do Romanée-Conti ofertado a ele pelo Duda Mendonça em jantar após o debate da Globo na quinta passada. Segundo O Globo, desta vez foi uma réplica da espada de Simón Bolívar, mandada diretamente de Caracas pelo amigo Hugo Chávez. Junto ao gládio, o bilhete: “No Brasil, a revolução será iniciada por meio da eleição de Lula”.
Como já percebemos, a mídia vem omitindo as relações de Lula com Chávez e Fidel Castro. Quando tocam no assunto, os jornalistas o fazem com a intenção de diminuir a importância da formação de um eixo antiamericano. Recentemente, o jornal de Merval Pereira, na Irineu Marinho, fez questão de ouvir “especialistas” que desencorajaram qualquer interpretação em favor do que já alertou Constantine Menges, do Hudson Instituto, no artigo “O Eixo do Mal”.
Mas os fatos são mais fortes do que as interpretações dos nossos jornalistas e do esforço deles em esconder a proximidade ideológica e política do candidato do PT com as forças revolucionárias marxistas do continente. De repente, surge uma réplica da espada do “Libertador” e inspirador do revolucionário Chávez.
Enquanto no Brasil os jornais continuam a tratar com negligência o que ocorre na Venezuela (O Globo cobre o país a partir de sua correspondente em Buenos Aires!), a coisa por lá anda pegando fogo de novo. Chávez botou os tanques na frente do Miraflores e anda colocando seus agentes da polícia secreta (deve ser uma espécie de Tcheka bolivariana) dentro das residências de supostos golpistas a vasculhar tudo sem qualquer amparo judicial.
A oposição, apoiada pela população, prepara uma marcha pacífica em protesto contra o autoritarismo do presidente, figura de inequívoca pretensão totalitária cuja inspiração, Bolívar, tentou unificar à bala as províncias espanholas na América do Sul. Ao contrário do seu ídolo, que morreu frustrado em 1830, Chávez sonha com outra unificação, desta vez marxista e tendo Lula e Fidel como seus coadjuvantes.
A réplica da principal arma de Bolívar para agrupar a América espanhola agora passeia por São Paulo, a mesma cidade que dá nome à entidade que congrega seus novos partidários quase 200 anos após a invasão de Nova Granada. Lula podia usá-la no dia da posse junto com a faixa verde-amarela. Fumando um charuto então, ficaria perfeito.
Eleições em Bangladesh
Uma leitora em Melbourne me conta que a TV australiana repercutiu os problemas da eleição de domingo no Brasil. As imagens geradas foram as que mostram muita gente na fila, a confusão em seções eleitorais abarrotadas, o calor e o suor dos eleitores.
Curiosamente, também houve eleição no domingo em Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo (PIB US$ 350,00), 130 milhões de habitantes. Segundo minha correspondente, as imagens eram muito parecidas, o povão trafegando nas ruas cheias sob intenso calor. Bangladesh parece ter renovado seu parlamento, composto por 300 eleitos homens que indicam, por sua vez, 30 mulheres para um mandato de cinco anos. Não deve ser fácil para o sexo feminino dentro do Congresso em Daca.
Mas as eleições no país asiático foram mais traquilas que no Brasil. Provavelmente o Nelson Jobim deles foi mais sincero que o nosso. Em entrevista coletiva ainda na segunda-feira, o ex-ministro e atual presidente do TSE disse que tudo saiu como o planejado. Os eleitores do DF que ficaram até a uma da manhã tentando votar devem ter achado graça nas declarações de Jobim, menos talentoso que o Tom para conquistar a simpatia dos brasileiros.
Outra vantagem de Bangladesh é que lá não existe a quantidade de siglas e legendas que por aqui abundam e que só servem para atrapalhar o eleitor na hora de premer os botões da máquina de contar voto, quando ela não pifa, claro. São três os partidos de verdadeira importância, nada mais. A república por lá também é mais evoluída, é parlamentarista e quem exercia o cargo de primeiro-ministro há bem pouco tempo era, vejam só, uma mulher, Hasina Wajed. Ao invés de um ex-metalúrgico marxista ou um sonâmbulo esquerdista e estatólatra, uma ponderada líder como chefe de governo.
Bangladesh tem muito a ensinar ao Brasil, não é ministro Jobim?
Eles choram Brizola
É uma experiência sobretudo engraçada ler O Globo hoje. O malabarismo que os simpatizantes de Leonel Brizola andam fazendo para justificar sua pífia votação para o Senado é proporcional ao ataque aos demais caciques da política brasileira igualmente rejeitados nas urnas.
A diferença entre Maluf, Collor e Brizola é que o ex-golpista gaúcho “não é do mesmo tipo” que os demais, para ficar na ginástica verbal do Verissimo em sua coluna desta terça. Ademais, segundo ele, nenhum enterro do seu conterrâneo pode ser considerado definitivo. Aliados do ex-governador, entretanto, acham que 6 de outubro foi a despedida dele do cenário eleitoral.
Uma despedida, aliás, coerente com a vida política de Brizola, o homem que no começo dos 60 traiu os próprios companheiros e embolsou o dinheiro que vinha de Moscou para financiar a revolução comunista no Brasil. Os detalhes desta história estão no livro de Denise Rollemberg “O Apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil”
Mas este e outros casos da atuação política de Brizola ninguém mencionará. Ele será sempre lembrado na imprensa como o ferrenho opositor do regime militar e grande democrata...Pelo menos o povo não caiu nessa e está deixando Marcito, Verissimo e Ancelmo Góis falando sozinhos. Sábio eleitor.
Israel fez mais um ataque contra bases terroristas nesta segunda em território palestino o que deverá outra vez desencadear uma severa onda de admoestações internacional na mídia contra os judeus. Washington parece ter reagido com mau humor aos ataques que mataram 14, entre terroristas ligados ao Hamas e inocentes. Custo a crer que a Casa Branca realmente esteja surpresa com mais esta incursão de Sharon sobre os palestinos envolvidos em ataques ou no planejamento deles contra o estado judeu.
Como esta página já vinha dizendo no mês passado, os serviços de inteligência israelenses estão trabalhando no limite e se algo como vimos ontem é realizado é porque sobram motivações. Os problemas surgem é claro quando civis acabam pagando o pato. Palestino ensanguentado é prato cheio para a imprensa. Não se pode saber ao certo qual o grau de informação e intercâmbio entre os serviços de Tel Aviv e de Washington. Não seria absurdo especular que os próprios americanos estão colaborando com Israel no desmantelamento de operações terroristas árabes.
A resposta dos EUA a este tipo de ação militar serve para contentar a mídia antiamericana, sempre desconfiada das intenções de Bush. Vamos aguardar a chuva de impropérios contra ele e Sharon nesta terça nos jornais. Os últimos acontecimentos, porém, não deverão alterar o andar da carruagem que ruma a meu ver para um choque de forças definitivo entre os EUA e a ONU. Caso decida agir isoladamente, Bush chamará contra si todas as Nações Unidas, principalmente a França, Rússia e China, países interessados por variados motivos na sobrevivência de Saddam.
Acontece que estamos a menos de um mês do Ramadã, o mês sagrado do Islã e que comemora o recebimento das leis do Corão pelo profeta Maomé. Ou os EUA atacam antes disso ou teremos guerra apenas em janeiro, como em 1991.
Se fosse dar um palpite, diria que a ONU não deixará Bush agir o que o levará a uma ação unilateral. Teríamos assim Paris, Moscou e Pequim como os grandes patrocinadores da paz, maculada por Bush e seus “falcões”. Mas como já disse o Olavo de Carvalho, essas pombas parecem mais danosas que as aves da América do Norte.
Expressões carregadas de ironia são utilizadas com frequência por interlocutores incomodados com afirmações ou indagações imprevistas ou desconfortáveis. Muitas vezes, ao invés de responder à pergunta, o irônico dialoga sobrepondo outra com o objetivo de reverter o diálogo em seu favor. Políticos são reincidentes nesta manjada manobra verbal.
Lula aplicou a ironia hoje cedo, durante coletiva formada para que ele comentasse os resultados do primeiro turno que adiaram sua vitória para o dia 27. O candidato do PT, logo após elogiar o trabalho da imprensa pela milésima vez, foi deselegante com a repórter da CBN justamente na primeira pergunta, entre outras, que pôde ser considerada menos “festiva” para o PT.
A repórter fez uma questão óbvia, querendo saber se o resultado poderia desanimar a militância que acreditava na vitória ainda no primeiro turno. Lula, ao invés de responder seja lá o que fosse, preferiu a ironia e retrucou: “Você tá desanimada?!?, você tá desanimada?!?”. Vítima do deboche, a repórter apenas disse: “estou me referindo à militância, candidato”. Só então Lula respondeu iniciando a frase com sempre, “Veja....e blá, blá, blá....”
O fato é que Lula e o PT teriam que ser muito injustos para falar mal da mídia, sempre disposta a lamber-lhes o sapato. O candidato foi poupado o ano inteiro, ganhou as melhores imagens e os melhores espaços, foi paparicado tanto por repórteres quanto por colunistas, articulistas e editores. Há muito tempo não se via tamanha unanimidade entre os jornalistas. Elogiar repetidamente a imprensa apenas legitima seu excelente relacionamento com ela.
Basta porém uma pergunta um pouco menos elogiosa ou um pouco mais provocativa para o candidato apelar para a ironia e para o deboche fazendo todos rirem aquele sorriso amarelo típico dos que desaprovaram a sentença mas não podem desapontar o emissor dela.
Obviamente seria injusto também dizer que apenas Lula comporta-se assim. Os políticos em geral são iguais. O que torna o caso de Lula curioso é que depois de tantos panegíricos, homenagens e micagens em torno dele, qualquer frase que fuja ao que tornou-se convencional é recebida com mau humor. Líderes muito paparicados acabam como as crianças mimadas. Não podem ser contrariadas sob qualquer hipótese e quando isso ocorre, amarram a cara e fazem bico. Interessante será ver como agirá Lula na Presidência quando perguntado sobre questões mais delicadas.
Durante um breve espaço de tempo, de aproximadamente dez anos, imaginou-se que os Estados Unidos liderariam o mundo garbosamente, afastado do xadrez da Guerra Fria o seu principal opositor, a União Soviética. Da mesma forma, imaginou-se também que o socialismo, evaporado em Moscou, teria se transformado na ideologia de meia dúzia de lunáticos, sem representrar mais a força antagônica ao capitalismo que durante quase um século foi capaz de reunir.
Acontece que 13 anos depois do 9 de novembro de 1989, quando ruía o muro em Berlim, nem os Estados Unidos lideram sozinhos o mundo nem o comunismo está sepultado. Aos primeiros opõem-se a ONU, as entidades internacionais financiadas por ela em todo o mundo mais a União Européia, a Rússia e a China. Quanto ao regime que mais matou inocentes na história da Humanidade, ele ressurge em parte, como previa Fidel Castro, na América Latina depois de seu ocaso no Leste europeu.
Neste novíssimo ambiente, ficam evidentes alguns sinais que legitimam suas principais características. Note-se, por exemplo, as dificuldades de Bush em obter o apoio de todos os membros do Conselho de Segurança da ONU para seu planejado ataque ao Iraque. Apesar das inúmeras razões para a ofensiva, dadas inclusive por Saddam Hussein e suas comprovadas ligações com o terrorismo, França, Rússia e China mantêm-se unidos numa barreira diplomática que deverá obrigar Washington a agir unilateralmente tendo apenas o apoio dos próprios americanos e de seu Congresso.
Outro cenário bastante revelador do novo jogo de forças mundial está no Oriente Médio de Arafat, líder palestino envolvido com o terrorismo há muitos anos mas que beneficia-se hoje do apoio de toda a comunidade internacional antiamericana. Quando Sharon tenta apanhá-lo, uma imensa onda indignada volta-se contra Tel Aviv obrigando os judeus ao mesmo recuo a que vem sendo obrigado os Estados Unidos diante de seus maiores inimigos na atualidade.
Resta-nos saber até quando a guerra diplomática suportará tanta pressão de ambos os lados. Provavelmente não caberá outra saída a Bush que não seja a de agir isoladamente. Seus aliados esperam por isso, aliás, ansiosamente. Um novo e definitivo recuo da Casa Branca agora também significará uma derrota perante a ONU. Esta, fundamental observar, já abriu mão da tarefa de conselheira e mediadora das tensões mundiais para posicionar-se francamente como o maior instrumento de poder contra o país que, ironicamente, abriga agora o principal inimigo em seu próprio ventre.
O segundo turno começa nesta segunda, negligenciado que foi pela mídia na última quinzena. O noticiário, em função da redução das candidaturas aos dois postulantes finais, deverá equilibrar-se em todos os sentidos embora não acredite num arrefecimento da imprensa pró-Lula que o coloque em desvantagem em relação ao candidato tucano. O cenário, seja como for, não está longe do sonhado pela maioria dos jornalistas, da reportagem e do colunismo xiita do Valor Econômico à redação da revista de Luis Carlos Mendonça de Barros, Primeira Leitura, passando pela garotada da Folha e O Globo.
Todos apostavam num segundo round entre Lula e Serra mas chegaram a animar-se nas últimas semanas com a performance do petista nas pesquisas, principalmente no Ibope. Pode-se especular se o último debate da Globo acabou tirando de Lula a vitória já. Garotinho o fez perder o script decorado com os assessores com a história da CIDE. O fato é que também os números das mais recentes sondagens mostraram-se inflados em favor do petista.
Salvo fatos extraordinários que mudem a ordem do jogo, o PT deve ganhar dia 27. Há quem vaticine um governo de coalizão com tucanos e peemedebistas. É possível também que uma vitória de Serra, improvável, porém, o leve a pactuar com um PT fortalecido no Congresso. Não se esqueçam de que Serra e Lula têm muito mais coisas em comum do que o contrário. Ambos jogarão duro com Bush. A diferença está no fato de o tucano representar mares mais calmos no mercado financeiro.
Mas o que interessa aqui é avaliar e medir o comportamento da mídia. Será interessante acompanhá-la nos próximos dias. Como já disse, boa parte dos jornalistas voltará ao trabalho nesta segunda de ressaca pela "derrota" de Lula. Veremos se haverá uma nova onda entre eles, desta vez definitiva, que ajude Lula finalmente a abocanhar a presidência.
O Notalatina publica nesta segunda duas notas: a primeira, sobre a repressão policial que proíbe até os miseráveis de catarem restos de comida nos depósitos de lixo dos hotéis de luxo da capital cubana. A segunda fala de uma vigília que está sendo feita em prol dos presos políticos, na esperança de libertá-los dos cárceres e condições inumanas em que se encontram, muitos deles sem julgamento ou culpa.
http://notalatina.blogspot.com
Problemas em várias seções eleitorais do Rio e de São Paulo empanaram a “festa” da Democracia, como diz a imprensa. Milhares de eleitores não conseguiram votar antes das 17Hs e em alguns bairros do Rio a eleição para eles só acabou quatro horas depois. Imagens do Fantástico na TV Globo mostraram muito empurra-empurra e certo pânico de eleitores em São Paulo devido ao grande número deles em seções eleitorais espremidas ou saturadas, não está bem claro
O que se previa, a dificuldade do brasileiro em votar, se confirmou além da conta. No SBT, há pouco, a informação era a de que os eleitores levaram em média dez minutos para votar, uma eternidade na era da Urna Eletrônica, que, aliás, andou pifando no Rio o que pode prejudicar, em tese, a candidatura de Garotinho.
Mais uma vez fica evidente o absurdo do voto obrigatório que transforma a massa eleitoral em manada, submetendo seus componentes ao desgaste, à vergonha e aos riscos vistos durante o dia de hoje. Que pessoas cujo voto é facultativo entrem numa fila e nela aguardem até 50 minutos para votar para mim é um verdadeiro mistério.
Mas os jornalistas e editores provavelmente minimizarão o tumulto de hoje em vários pontos do país. Tudo terá sido em nome da cidadania “e da vontade de mudar o país”. O tom de “festa” que a mídia costuma dar a eventos como o de hoje deverá predominar sem que a obrigatoriedade em fazermos parte dela seja sequer questionada. Que país triste esse.
Fiquei sabendo hoje que o correspondente da Agência Estado em Washington, Paulo Sotero, andou dando uma entrevista à C-Span sobre as eleições no Brasil. Ele teria dito que a relação do Lula com o Foro de São Paulo é coisa do passado, que ele não é amigo do Fidel e que o artigo do Constantine Menges (O Eixo do Mal) é uma grande besteira. E disse mais, que no Brasil ninguém fala mal dos EUA....Estou aguardando a confirmação da entrevista e do seu conteúdo. Se for verdade, vá mentir assim lá na China!
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Editor: Sandro Guidalli