Guidalli.com
sábado, outubro 26
  Presença de Fidel em clínica na Venezuela ainda sem confirmação

Vejam o que reporta sobre o assunto boletim do site http://www.lavozdecubalibre.com/~cubalibre/:



En relacion con el rumor que distribuimos ayer en relacion a la supuesta presencia de Fidel Castro en un Hospital de Isla Margarita contactamos un colaborador en Venezuela el cual nos reitero que el rumor persiste, pero que es solo eso, un rumor.
La Clinica La Asuncion en la Isla Margarita se encuentra practicamente tomada militarmente y al parecer llegaron en aviones cubanos, de ahi que se piense que el importante paciente es el tirano del Caribe.



Una explicacion de porque el Comandante en Jefe volaria a ese lugar para un tratamiento o una cirugia seria las posibles consecuencias que podria tener en la isla si se corriera la noticia de que estaba siendo intervenido quirurgicamente en algun hospital. Por otro lado el control absoluto de las comunicaciones aun cuando se rumore en Venezuela no podria saberse en la isla.
Si recibimos algun otro dato sobre este asunto sera enviado a nuestros lectores inmediatamente.



Hoy contacte de nuevo con el familiar que me paso la informacion, me cuenta que contacto dos personas distintas en la isla de margarita y le verificaron la informacion, la clinica esta tomada militarmente y se rumora que es el Comandante que esta ahi...En el web site se pueden conseguir los telefonos, pero no creo que ellos quieran dar informacion por esa via..



lavozdecubalibre.com

 
sexta-feira, outubro 25
  O futuro presidente e a FAO

O Brasil elege no domingo um presidente que não sabe muito bem onde atua a FAO (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS). Ela age no mundo inteiro. Numa resposta que deu durante o primeiro bloco do “debate” da Globo, Lula hesitou em dizer onde atuava a FAO e acabou dizendo que o organismo era latino-americano e media a fome por aqui. E depois dizem que dá para evitar pegar no pé do Lula, o candidato que chamou Robert Zoellick, a maior autoridade em Comércio Exterior dos EUA e que tem como chefe apenas George W. Bush, de “sub do sub do sub”....


 
  A última da campanha

Ao longo da campanha eleitoral fiz inúmeras críticas aos jornais e revistas, a maioria em razão da parcialidade com que a mídia trabalhou em favor do candidato preferido por nove a cada dez jornalistas. Mas a campanha chegou ao fim e estes mesmos jornalistas a partir de segunda-feira formarão uma nova imprensa chapa-branca, governista e de apoio ao PT.



Minha última crítica, acho que é a última mas temos o sábado pela frente, sobre o comportamento da imprensa neste período vai para a revista Época, uma das mais entusiasmadas com a vitória de Lula. A revista que circulou nesta semana trouxe mais um perfil dele, indecentemente amável com o futuro presidente. Mas o que quero sublinhar é a capacidade da revista dirigida por Paulo Moreira Leite em absorver o discurso petista da campanha que levou o partido ao Palácio do Planalto.



Na matéria intitulada “A Meio Passo do Planalto”, assinada por Thomas Traumann e Tito Montenegro, num dado momento do texto seus redatores afirmam o seguinte sobre a “intenção” de Lula em formar “um governo de união nacional”: Para a maioria dos espectadores, essa definição (governo de união nacional) parece só palavra bonita de campanha. Não é. Ao falar em União Nacional o candidato se refere a um tipo de governo amplo.....está longe de ser um governo de esquerda...o que Lula disse ...é que planeja um governo de centro, de tom levemente de esquerda...



Já cansei de dizer que não sei se os jornalistas que escrevem esse tipo de coisa são cínicos, ingênuos ou simplesmente militantes do PT. Às vezes, dependendo do repórter, aposto na ingenuidade ou no cinismo. Mas no caso dos que assinam a reportagem em questão, sou obrigado a cravar na militância, não há outra explicação.



Mas importa aqui ressaltar o papel repugnante de jornalistas que, sem o menor senso da crítica, reduzem seu trabalho à tarefa de repetir feito papagaio o discurso criado pela campanha de Lula sem investigar ou citar elementos que, uma vez veiculados, o desmontam.



O mesmo eu diria se a militância fosse tucana e não petista, mas não é o caso. A dupla de Época, Thomas & Tito, endossa a versão de que Lula fará um governo de centro, de “união nacional” e para isso de nada valem as centenas de documentos, declarações, argumentos, fotos e textos que apontam para longe da moderação. Lula fará um governo de esquerda. Dizer o contrário é conversa para boi dormir.



Pela militância, vale tudo, até mesmo jogar no lixo os fundamentos do Jornalismo, entre eles, o da investigação em busca da verdade. Mas Época termina a campanha como começou: no palanque do PT. O que ela ganhará em troca veremos nos próximos meses.


 
  Globo “vende” debate como decisivo

Os redatores do Jornal Nacional querem fazer crer que o debate de logo mais na Globo será “decisivo”. A pretensão da emissora é tanta, que Willian Bonner, falando do local do debate, disse que ele irá “definir” a eleição, ou algo muito parecido com isso. O fato é são muito poucos os brasileiros que ainda não sabem em quem vão votar.



A Globo chamou 53 pessoas supostamente indecisas que irão fazer perguntas para os candidatos. O modelo prejudica José Serra, que perde a chance de perguntar diretamente a Lula. Mas não se sabe até que ponto o tucano aproveitaria a oportunidade para roubar alguns votos do adversário.



O que se viu em sua campanha política, em termos de ataques ao PT, ficou muito distante daquilo que gostariam os eleitores refratários a Lula e muito mais próximo do que foi idealizado por FHC.



A nova fórmula do debate, copiada dos EUA, também não deverá ajudar para fazê-lo menos entediante. As perguntas devem ter sido dirigidas pela produção da Globo e deverão contemplar os assuntos mais frios. Ou alguém imagina que alguém irá perguntar a Lula sobre as FARC....? Mas o circo precisa funcionar embora já saibamos o resultado do show. Caindo do trapézio estaremos todos nós.


 
  Chávez fala o que Lula esconde

Dando prosseguimento ao seu papel de porta-voz das forças antiliberais e socialistas do continente, Hugo Chávez, disse à BBC que a vitória de Lula “poderia apressar a criação de um novo bloco”, ou seja, um novo eixo de combate ao capitalismo.



O presidente da Venezuela, que tenta conduzir seu país ao comunismo, vive soltando o verbo por onde anda, ao contrário do que tem feito Lula. Sobre este tema, o das relações internacionais de seu governo, o petista passou a campanha em silêncio, fiel à estratégia de fingir-se de moderado para obter a vitória. Estratégia capaz de seduzir pelo menos metade dos seus eleitores deste domingo. A outra sabe muito bem o que pensam os caciques petistas e o que a vitória deles representa para as agremiações da esquerda latino-americana.


 
  Começam as ameaças

Stédile, do MST, mandou um recado para a cúpula do PT numa entrevista que deu recentemente ao El País. Disse, com palavras mais amenas, que Lula poderá acabar sendo destronado, como Fernando De La Rúa, caso não cumpra a agenda revolucionária pregada pelos sem-terra e pelos radicais do partido.



Stédile tem dinheiro, “glamour” internacional e apoio da Igreja, entre outras instituições, como a Coroa Britânica, por exemplo. Vai lançar um jornal em janeiro e concentrar a intelectualidade esquerdista, que já domina a grande imprensa, aliás. Não hesitará em fazer oposição ao PT caso preveja dividendos políticos com isso. O PT sabe com quem irá tratar e espera que o monstro seja saciado com terras e mais dinheiro.



Uma bobagem. O MST não quer apenas isso. Quer ver seu projeto revolucionário em franca expansão e só se aquietará se perceber que ele está sendo tocado pelo PT. Será possível medir o rumo do novo governo a partir do humor de Stédile e seu grupo, entre outras coisas. Sabemos que o objetivo final, assim como a meta das FARC, é a revolução marxista. Resta saber como eles chegarão lá.


 
  Sugestão de leitura para o final da semana

http://www.fpabramo.org.br/memoria/trajetorias/tp16.htm



http://www.elcato.org/ball_chavezyterror.htm



http://www.fpabramo.org.br/sala_leitura/forosp_cuba.htm



 
quinta-feira, outubro 24
  Fidel operado na Venezuela

Informações ainda não confirmadas dão conta de que Fidel Castro está sendo operado num clínica particular localizada em Isla Margarita, na Venezuela. Veja os detalhes em NOTALATINA (http://notalatina.blogspot.com)

 
  O que vem por aí

Publico abaixo outro e-mail de um leitor desta página. A ele meu muito obrigado pela correspondência



Guidalli:


Vinha hoje dirigindo para o trabalho e matutando quais seriam os resultados mais imediatos da eleição do Lula na política econômica. Depois de tantos anos prometendo aumento no salário mínimo, aumento para funcionários públicos, aumento nas aposentadorias, juros baixos, subsídios para a indústria nacional, renegociar as dívidas dos estados, o cacete a
quatro, o que vai fazer o nosso Lulinha quando assumir o abacaxi?



Vejo duas opções. A primeira seria convocar uma cadeia nacional e, como o Macunaíma, confessar candidamente: – Eu menti. Menti por todos esses anos para chegar ao poder. As coisas estão difíceis no mundo e eu vou ter que manter uma política econômica muito parecida com a do antigo governo. Não acredito que seja essa a opção do nosso novo e pançudo presidente.



Por outro lado, ele tem uma saída muito conveniente. Basta abandonar completamente qualquer tentativa de conter a inflação e liberar geral na emissão. Cumpre todas as promessas, dá o salário mínimo de 300 reais na primeira semana, libera os bancos estaduais para emitirem títulos à vontade, reajusta os funcionários, diminui a semana de trabalho, e o povo fica feliz.



De quebra, enquanto o mercado não tem tempo de se adaptar e voltar a usar correção monetária em todos os investimentos e contratos, ele consegue dar um calote monumental nos credores e fornecedores e confiscar o dinheiro dos investimentos de uma maneira bem clean. Claro que vão reclamar, mas com uma inflação de 30% ao mês a questão passa a depender da interpretação de
números e índices e o povão existe para ser enrolado.



Depois que não der mais para disfarçar que está faltando comida no prato, basta arranjar alguém para botar a culpa, nos americanos, nas elites, nos partidos “de direita”. O Chávez já mostrou que isso cola, é fácil estimular o ódio entre as classes sociais e manipular o descontentamento popular.



Ainda mais que, como acontecia antes, as classes mais favorecidas vão conseguir mecanismos de proteger o seu dinheiro com a indexação enquanto o povão vai ficar de barriga vazia mesmo com reajustes mensais no salário. E que maná para os sindicatos, discussão de reajuste todo mês! Estou apostando nisso, se tentar manter o mínimo de racionalidade econômica os muitos grupos que vêm apoiando o PT vão reclamar o que foi prometido, e o descontentamento vai ser enorme e generalizado. Mais prático abrir mão ostensivamente de só uma das promessas, a estabilização, e aparentemente cumprir todas as outras.



Quer apostar?



abraço, Joaquim Orlitz

 
  É só o começo

Uma fonte me disse há pouco que, embora apenas publicasse notícias, artigos e matérias que são veiculadas originalmente na imprensa sobre o PT, a página ANTI-LULA teve que sair do ar porque seus organizadores seriam processados por calúnia, difamação e racismo caso continuassem com ela funcionando. Seus organizadores, fiquei sabendo, estão muito abalados com o fato. O momento, entretanto, é de prudência e o inimigo agora tem muito poder.

 

  A Democracia Vermelha

Fiquei sabendo que os organizadores do ANTI-LULA foram ameaçados de sofrer um processo por parte do PT e resolveram tirar a página do ar. A informação teria sido passada a eles pelo GRADI - Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância, um departamento da polícia que vem recebendo as denúncias do PT de "crimes eletrônicos", ou seja, falar mal do partido ou dos seus filiados. Continuo apurando.

 
  Fora do ar

O blog ANTI-LULA está fora do ar, aparentemente por estranhas pressões. Vejam o que está escrito lá. Estou apurando.



http://antilula.blogspot.com



 
  Observatório indignado com Veja

Na edição desta semana do Observatório da Imprensa, o jornalista Luiz Weis, destacado membro do clube esquerdista de Alberto Dines, serviu de porta-voz de todos os colegas que sentiram-se indignados com a capa da última Veja em que, numa ilustração, Lula tenta segurar um monstro de três cabeças (as de Trotsky, lênin e Marx).



A ilustração diz respeito à reportagem de capa em que a revista mostra a força dos radicais do PT que representam pelo menos 30% do partido e que deverão cobrar do novo presidente espaços e promessas feitas ao pessoal que luta por transformar o Brasil numa imensa Cuba comunista.



O fato é que Veja mexeu com o que há de mais sagrado não só para os radicais do PT como para a maioria dos jornalistas da grande imprensa, a começar pelos próprios editores do Observatório. Karl Marx, Lênin e Trotsky são lendas sagradas para essa gente e usar suas imagens de forma depreciativa representa para eles o que já provocou certa vez o chute na imagem de Nossa Senhora entre os católicos.



O fato da nota de Luis Weis, ("A capa da Veja é a coisa mais vil que se fez no país durante toda a campanha presidencial. Dá asco.", segundo ele), ter obtido destaque na página de Dines revela também, mais uma vez, o comprometimento do serviço do veterano jornalista com a mídia esquerdista. Arrisco dizer, sem medo, que jamais seus editores publicariam o contrário do que escreveu o discípulo leninista, com o mesmo destaque dado ao seu desagravo comunistóide.



Resta torcer para que Veja não vacile diante da patrulha do Observatório. Sua reportagem, neste caso, está de parabéns, pois revelou a força dos radicais petistas e antecipou a briga que ocorrerá pelo poder dentro da agremiação de Lula e José Dirceu, já a partir da semana que vem.



 
  O embaixador Amorim já trabalha para o PT

A tucanagem que se despede do poder anda fazendo das suas. Enquanto Ronaldo Sardemberg, o ministro da Ciência e Tecnologia, distribui dinheiro ao regime comunista de Fidel Castro, agora é o embaixador em Londres, Celso Amorim, quem anda espinafrando o Financial Times só porque o jornal reportou uma obviedade: o alinhamento do Brasil de Lula com Cuba, FARC e Venezuela.



Acontece que o embaixador não pode nem dizer que é mal informado. Seus adidos sabem muito bem o que está prestes a acontecer e se não conhecem o Foro de São Paulo precisam correr para a página da entidade na Internet antes que os documentos que provam as relações do PT com os principais organismos revolucionários marxistas da AL sumam de lá.



Considerar “desinformadas e preconceituosas” as notícias veiculadas no FT é pagar mico. E no caso de Amorim, o mico é internacional. Mas o governo FHC paga assim seu tributo ao petismo. Será poupado quando chegar a hora pelos serviços prestados.



Vejam também abaixo carta que a correspondente do OFFMIDIA nos EUA enviou ao embaixador:



Exmo. Sr. Embaixador:



Foi uma enorme decepção tomar conhecimento de sua carta enviada ao Financial Times, condenando esse jornal por ter ousado publicar artigo crítico ao Brasil (Direita dos Estados Unidos fareja um novo "eixo do mal" na América Latina). Foi um tremendo golpe saber que o embaixador do que um dia foi um país democrático, onde se gozou de liberdade de expressão e que hoje rivaliza com o mais drástico período da chamada Ditadura, tente abafar a tentativa de mostrar dois lados de uma mesma questão! A ironia nisso é que a Ditadura Militar, que salvou o Brasil de ser tomado pelos comunistas, nunca disfarçou a que veio, enquanto Lula à la Armani, entoa textos bem decorados e engambela os incautos...



O Dr. Constantine Menges, autor de um texto excelente, impecável, pleno de provas e fatos --que, estou certa, é de seu conhecimento-- providenciou material suficiente para, no mínimo, levantar dúvidas sobre a administração Lula, que, todos sabemos, será conjunta com Castro e Chaves.



Choca-me saber que o Sr. Embaixador considera como "processo democrático" o que o PT está fazendo com o Brasil --onde dezenas de jornalistas no Rio Grande do Sul, por exemplo, já foram processados legalmente por terem escrito o que pensam; onde o Rio de Janeiro foi tomado por uma quadrilha que tem ligação conhecida de todos com a FARC e, desse modo, com o PT; onde o Diretório Nacional do PT pretende jogar na prisão cidadãos que, no pleno exercício de seus direitos, enviaram de e-mails depreciativos sobre a santa pessoa de Lula; onde proprietários de imóveis não estão seguros se não conseguem provar a função social de sua propriedade!



Envergonhei-me de ser cidadã brasileira, ao tomar conhecimento que o senhor limitou-se a rejeitar o artigo, sem ao menos dar-se ao trabalho de apresentar fatos para contradizê-lo. Mas é impossível contradizer a verdade, pois a mesma traz fatos irrefutáveis! O senhor meramente lançou mão do mecanismo que o PT, que nem chegou ao poder ainda, já é mestre: a censura!



Sinceramente,



Milla Kette (Huron, OH, USA)




 
quarta-feira, outubro 23
  Especulações


Um dos aspectos mais curiosos e interessantes da vitória de Lula no próximo domingo será acompanhar o comportamento da grande imprensa do país diante do que parecia um sonho esquerdista anos atrás.



Lula e o PT têm o apoio da maioria dos jornalistas e chefes de redação. Todos aguardam ansiosamente a chegada ao poder do partido. A reação desta imensa nova imprensa “chapa-branca” diante dos primeiros erros e problemas de governo ainda é uma incógnita, embora Lula, acredito eu, deverá viver uma duradoura lua-de-mel com as redações.



Alguns jornalistas, como Elio Gaspari, por exemplo, irão preservar a reputação e deverão manter-se críticos com o novo governo. Mas colunistas como Marcio Moreira Alves, Tereza Cruvinel, Luiz Fernando Verissimo, Clóvis Rossi e Jânio de Freitas, para citar alguns, irão apoiar o novo governo até o limite do possível.



Quanto aos jornalistas da reportagem e os editores, estes poderão apoiar Lula e o PT durante o tempo que for necessário sem se preocupar muito com a própria imagem e com a pluralidade e isenção, inexistentes em seus jornais e revistas.



Valor Econômico, Época, O Globo, Jornal do Brasil, Carta Capital e Istoé são algumas publicações que lularam antes mesmo da campanha presidencial começar e não têm nenhum patrimônio ético muito grande a defender. Seja como for, será interessante notar também nestes casos até quando o apoio continuará explícito.



Há quem acredite, e acho isso plausível, que é bem capaz de alguns setores da imprensa começarem a criticar Lula pelo que ele eventualmente deixar de fazer em relação aos interesses da esquerda e do corporativismo de um modo geral.



Muitos não vacilarão em apontar um PT muito ao centro, caso Lula não dê, em contrapartida, o que querem os mais radicais. Mas considero essa possibilidade remota. Lula e o PT terão que ceder diante da imensa expectativa das esquerdas e serão poucos aqueles que o criticarão de forma rigorosa por causa disso.



A imensa cumplicidade ideológica entre jornalistas, sindicalistas, militantes, funcionários públicos e apoiadores em geral do PT erguerá uma barreira na mídia que irá abafar qualquer queixume mais severo da minoria independente a apartidária nas redações.


 
  Vem aí o jornal semanal do MST

Já circula a informação de que o MST deve lançar em janeiro seu jornal semanal impresso e que terá o nome de Brasil de Fato. O editor será o ex-correspondente da Folha José Arbex Jr., jornalista que já milita na imprensa esquerdista como colunista da revista Caros amigos.



O jornal será lançado no Fórum Social Mundial em Porto Alegre e sua edição será de 100 mil exemplares. Quero crer que suas páginas irão concentrar intelectuais e jornalistas que já ocupam boa parte da mídia tradicional. Com o PT no poder e com o vento em seu favor, terá todas as condições de virar no médio prazo um jornal diário. Posso estar enganado, mas este deve ser um dos objetivos de João Pedro Stédile. Dinheiro também não deverá faltar.



 
  E leia também

Antonio Fernando Borges escreve sobre o encontro do Canecão entre Lula e os artistas que apóiam a candidatura vitoriosa do petista



www.offmidia.com

 
terça-feira, outubro 22
  Janer Cristaldo inédito

Leia em OFFMIDIA.COM artigo inédito de Janer Cristaldo, o maior jornalista em atividade do país.

 
  Admitindo a derrota

Setores do PT já admitem que deverão perder em dois dos principais estados onde disputam o segundo turno. Em São Paulo, José Genoíno deverá ter que se "conformar" em ser o futuro ministro da Defesa de Lula. Uma baita vingança do ex-guerrilheiro do Araguaia derrotado pelos militares nos anos 70. "Caso se confirme a indicação, seria mesmo emblemático" me disse há pouco uma fonte do PT.



Já no Rio Grande do Sul, as coisas se complicam para o pai da Luciana Genro. Agora é o Ministério Público Estadual quem acusa Tarso de crime eleitoral por afixar cartazes de sua campanha sobre outros, do ex-adversário de primeiro turno, Antonio Britto. O candidato do PT não consegue diminuir a diferença para Germano Rigotto que está muito próximo da vitória numa eleição espetacular (saiu com 4% dos votos nas pesquisas de opinião). Só não se sabe o que o PT fará com Tarso Genro. Que tal a embaixada em Bogotá?

 
  O PT, lá de dentro

Conversei há pouco com uma fonte dentro do PT, baseada no Distrito Federal. Algumas de suas impressões, sobre o início do governo Lula, são mais ou menos as seguintes:



Questão agrária - O PT pretende fazer uma ampla reforma agrária capaz de esvaziar o discurso revolucionário do MST. Não se sabe até que ponto Stédile será mesmo saciado mas não faltará terra para os agricultores plantarem. O problema será o que pode vir depois da reforma e não apenas como ela será feita. O MST abandonará seus objetivos de poder ou acabará fortalecido para seguir adiante? Qual o perfil mais adequado para o novo ministro da Agricultura? Se for muito próximo ao MST, pode fortalecê-lo demais. Se for distante, pode irritá-lo. Eis a complexidade da coisa.



América Latina - A cúpula do PT tem noção dos desafios da política externa. Uma bem articulada e politicamente forte ala do partido, por exemplo, acha natural a utilização do narcotráfico pelas FARC como modo de sobrevivência e encara o governo democrático colombiano como o agressor e não como vítima dos revolucionários. O problema aqui será o de contornar a inevitável aproximação institucional de setores do PT com os guerrilheiros. Antônio Palocci, por exemplo, coordenador da campanha de Lula e homem-forte do partido, é o responsável pelo estreitamento dos vínculos entre a agremiação e as FARC.



Escritório de apoio à guerrilha foi montado justamente em Ribeirão Preto, a cidade de Palocci. Seja como for, o PT terá que mostrar a quem verdadeiramente apóia, se o governo eleito de Uribe ou seus opositores. O que fará Palocci? Qual será sua influência na condução da política para a América Latina? Como podemos ver, os próprios petistas têm mais dúvidas do que afirmações sobre para que lado irá o partido agora com a faca e o queijos (ou a foice e o martelo) nas mãos.

 
  As vítimas

Uma das principais características dos regimes marxistas é a de culpar as democracias pelos erros e problemas gerados pela economia coletivizada e voltada unicamente para o fortalecimento do Estado. A Cuba de Fidel Castro culpa os Estados Unidos diariamente pelo seu fracasso e a primeira coisa que os cubanos aprendem na escola é demonizar o capitalismo ianque.



Na Coréia do Norte, onde impera há quase 70 anos a dinastia comunista dos Kim, não é diferente. Em nota publicada hoje pelo jornal Rodong Sinmun, uma espécie de porta-voz do regime do "Líder Querido", Kim Jong-Il, são os Estados Unidos os responsáveis pelo sufocamento do país. Washington deve agir sem beligerância e deve preparar-se para o diálogo como se o regime comunista norte-coreano fosse vítima e não o potencial e perigoso agressor que, agora, revela-se, possui armas nucleares. Daí a dizer que os milhares de famintos do país sofrem por conta dos americanos é um passo curto.



Claro que vão dizer, "ah, mas os EUA também possuem bombas nucleares...". E eu pergunto, pode-se confiar que Kim Jong-Il não as usará da mesma forma que pode-se crer que os EUA não as utilizarão? A questão é que a maioria do Ocidente faz pouca idéia do que vem a ser a vida na Coréia do Norte e das intenções da sua burocracia comunista. O brasileiro, então, ignora completamente a realidade de países como o Iraque, Cuba e Coréia e o perfil de seus dirigentes. Sabe-se que Saddam é um ditador mas não se tem noção do que ele é capaz de fazer contra as democracia ocidentais. Sabe-se que Fidel está há mais de 40 anos no poder mas ele é "presidente" de Cuba, vítima do embargo econômico.



É bem plausível que o PT também sofra do mesmo mal que os regimes comunistas. Quando os problemas do governo Lula começarem a aparecer, não faltarão parlamentares e aliados do partido a culpar a "política econômica" imposta pelo FMI. Apoiado pelo antiamericanismo que domina a imprensa, não será difícil convencer a população de que todos os problemas do país têm como causa o "imperialismo" dos "falcões". Se esta associação entre os EUA e os nossos problemas domésticos já existe, é uma questão de tempo para que ela se intensifique.

 
  Pelo Nextel

Enquanto a governadora Benedita da Silva era "ovacionada" , segundo O Globo, e não simplesmente aplaudida, no Teatro Municipal, por estar supostamente "arrochando" o tráfico carioca, surgiram suspeitas de que o comando do crime se comunica confortavelmente pelos rádios da Nextel. Curioso sufocamento este em que o sufocado agora também fala com bom fôlego ao telefone com seus subordinados. Mas a estratégia do PT de passar para a história como o governo que derrotou os traficantes só encontra eco mesmo na já narcotizada classe média leitora de jornais como O Globo e o Jornal do Brasil. O povão mesmo sabe o que ocorre e não embarcou nessa. É porque ele está in loco nos vastos territórios controlados pelos senhores do crime. E não vai ao Municipal para poder vaiar a governadora.

 
  Em pânico

O Globo fez a Folha comer poeira ontem. Enquanto o jornal da Barão de Limeira dizia em seu caderno sobre as eleições que o tal "pronunciamento" de José Serra no domingo não preocupava o PT, o jornalão carioca mostrava a frenética troca de telefonemas entre os caciques petistas e a cúpula tucana a fim de que os primeiros soubessem com os últimos o teor da fala do candidato do PSDB.



FHC, segundo O Globo, chegou a receber telefonema de José Dirceu. Sensibilizado com as preocupações do amigo, o presidente chegou a ligar para o comando da campanha tucana para saber se algum ataque pessoal a Lula estava sendo editado. Não, o PT não estava preocupado com o pronunciamento adversário....Estava em pânico de que algo pudesse empastelar sua vitória. Serra tratou ele mesmo de acalmar o ânimo dos futuros governantes do país.

 
  Globo e PT: Tudo a ver

Leia em OFFMIDIA artigo inédito de Alceu Garcia sobre as relações da maior emissora do país com o PT.

 
segunda-feira, outubro 21
  Enéas no NYT

A falta de aprofundamento do Jornalismo brasileiro não é um fenômeno local, como podemos constatar de tempos em tempos. Desta vez foi o festejado NYT quem limitou-se a reproduzir a má-vontade debochada da mídia do Rio e de São Paulo em relação à vitória eleitoral do candidato do PRONA, Enéas Carneiro, o homem de 1,5 milhão de votos.



Já disse, em texto feito para o OFFMIDIA, que uma imprensa que acha sobrenatural alguém votar em Enéas, deveria também achar um absurdo candidatos de partidos como o PCO e o PSTU serem eleitos ou ao menos votados igualmente por milhares de pessoas.



Mas como já falei, Enéas não pode ser levado a sério já que foi rotulado como um político de "extrema-direita", referência máxima do horror sobre a face da terra para a mídia esquerdista. Explicar a diferença entre Enéas e o senhor Rui Pimenta ou um Zé Maria, entretanto, os jornalistas não conseguem sem que façam morrer de rir seus interlocutores mais honestos.



Voltando ao NYT, o jornalão preferido pelas redações brasileiras, a saída foi admitir que Enéas está rindo dos seus detratores. Mas como isso seria demais, o jornal o qualifica de "neo-fascista", ou seja, envereda pelos mesmos chavões da imprensa brasileira sem acrescentar algo de novo nem ao menos uma comparação sequer com outras criaturas esquisitas que abundam no cenário eleitoral do país como o próprio candidato à presidente pelo PCO. Outro barbudo.



Mas o PCO ou o PSTU e uma parte razoável do próprio PT já adquiriram a legitimidade outorgada pela maioria dos jornalistas. São todos partidários daquilo mesmo que condenam em Enéas sem ao menos verificar que o novo deputado federal do PRONA não é lá tão diferente dos partidos e candidatos agraciados com a sua simpatia. Afinal, se o enérgico barbudo é um estatólatra nacionalista, o que então o diferencia das legendas vermelhas?



O NYT não sabe a pauta que está perdendo.  

  O aparelho do banheiro verde


A Folha deste domingo apresentou um perfil da família dos candidatos ao governo paulista em seu caderno dedicado às eleições. Numa das reportagens, foi descrito como José Genoíno e Rioco Kayano, sua mulher, se conheceram. Num dado momento da matéria, a reportagem da Folha dizia que Rioco havia sido presa pela repressão militar porque era uma militante estudantil, apenas isso.



A imprensa brasileira tem mania de atenuar a participação dos ex-opositores armados do regime militar. Muitas vezes, são glorificados ou tratados como vítimas inocentes da repressão. Colunistas como Márcio Moreira Alves, inclusive, tratam personagens como Carlos Lamarca e Marighella como verdadeiros heróis da história contemporânea do país. Seria mais honesto, para eles, aliás, que a mídia os tratasse como realmente foram, dizendo o tipo de regime que pretendiam instalar no Brasil e quem os financiava.



Detalhes importantes da biografia de Rioco Kayano que foram omitidos pela Folha. Nada tenho de pessoal contra ela ou contra José Genoíno. Tenho sim contra repórteres e jornalistas que mentem ou omitem a verdade dos fatos.



Rioco Kayano, a mãe dos filhos de José Genoíno, provavelmente o futuro ministro da Defesa do governo Lula (caso perca a disputa em SP), militava no Movimento Estudantil mas foi selecionada e aceitou seguir para o Araguaia sabendo que seria uma guerrilheira rural. A seleção, feita pelo comando da guerrilha, era rigorosa.



Depois de selecionados, os futuros guerrilheiros ficavam isolados e mantidos confinados num aparelho, na Vila Mariana, em São Paulo, conhecido como o aparelho do banheiro verde. Tinha este nome porque a única peça descrita por eles que poderia identificá-lo era um banheiro, sem janelas, da cor verde. Rioco ficou internada, isolada do mundo, em quarentena, neste aparelho.



Rioco, como todos os escolhidos para a área de guerrilha, aguardou no aparelho a chegada de Elza Monerat, a única pessoa que retirava o futuro guerrilheiro, de olhos vendados e o conduzia direto para o ponto de embarque para a área de guerrilha.



Portanto, Rioco não foi presa por militar no movimento estudantil, mas porque estava ingressando na oposição armada ao governo militar e para se tornar uma guerrilheira rural. São atividades bem diferentes que talvez os próprios repórteres da Folha saibam discernir. Ou não?


 
domingo, outubro 20
  Mais uma nota curta

Ter sido generoso ao poupar Lula dos principais ataques que poderiam ter sido feitos ao PT, garantirá ao tucanato um naco de poder no governo que inicia em 2003. Não será nenhuma surpresa, claro, se a relação entre os petistas e o PSDB evoluir também no ano que vem para um amplo acordo no Congresso, o que significará maioria folgada nele ao novo chefe do Executivo. Na campanha, FHC, o tucano-mór, mostrou-se craque. Seu futuro, depois de tanto afago no PT, está garantido também. Não deverá haver revanche que possa macular sua história.

 
  Descobrimos o novo ídolo de Josias de Souza. É o Zé Dirceu

O homem mais poderoso do país a partir de 2003, o ex-agente secreto cubano e atual presidente do PT, José Dirceu, é o mais novo ídolo do jornalista Josias de Souza, o diretor da sucursal de Brasília da Folha de S. Paulo



Se, por acaso, a intenção de Josias era a de aproximar-se do “ex-revolucionário” marxista fazendo-lhe um agrado, afinal, qual jornalista em Brasília será capaz de esnobar a amizade da maior de todas as fontes do próximo governo, Josias atingiu o objetivo com folga.



Nem a revista Veja conseguiu, recentemente, ser tão amável com o presidente do PT num perfil de sua personalidade. A começar pelo título da coluna de Josias de hoje na Folha (“As travessuras de uma legenda chamada Zé Dirceu”), o texto foi um elogio só ao homem de confiança do regime de Castro e futuro interlocutor, agora em nome do país, das forças revolucionárias socialistas da América Latina.



Em primeiro lugar, chamar as ações e atividades da vida “política” de Zé Dirceu de “travessuras” é zombar do leitor mais informado. A menos que Josias acredite ter como leitor milhares de asnos (ou militantes radicais), incapazes, todos eles, de discernir o que são aventuras amorosas de atividades comuns aos revolucionários. Seria como qualificar de peraltice o que por aqui andou fazendo a dupla Lamarca-Marighella nos anos 70.



Depois de relatar as “travessuras” do seu ídolo, entre elas o treinamento guerrilheiro em Cuba e a chegada ao Brasil como integrante do Molipo, organização criminosa de oposição ao governo militar de então, o diretor da sucursal da Folha encerra seu panegírico dizendo que o político José Dirceu “pode, finalmente, ajudar a desenhar o Brasil de sonho que o estudante Zé Dirceu pleiteava”.



Ora, se o “Brasil de sonho” que José Dirceu queria no passado tornar-se realidade, seremos a última nação comunista do planeta ao lado de Cuba, China e Coréia do Norte. Precisamos rezar, na verdade, para que Dirceu tenha esquecido dos sonhos do seu passado recente. A menos que o próprio jornalista da Folha também sonhe com um Brasil comunista.


 
  Parabéns ao Lula, o novo presidente do Brasil

O Brasil já tem novo presidente a uma semana da eleição. Daqui até o próximo domingo, a campanha evoluirá de forma protocolar. O tal “pronunciamento” minutos atrás do candidato José Serra cumpriu o esperado. Nenhuma informação importante, nenhum alerta significativo, provado, dos riscos que o país correrá com a eleição do PT.



Num lance inteligente de sua campanha, foi Lula e não Serra o autor do melhor “pronunciamento”. Falou coisas óbvias, objetivamente. Só espero que cumpra o que disse quando declarou que fará um governo “sem mágoas nem vingança”.



O auge da campanha tucano, presume-se agora, foi a participação de Regina Duarte, atriz que deu voz a um sentimento de uma parte considerável da população. Serra não irá mexer naquilo que poderia render-lhe votos, assunto que vem sendo discutido apenas por alguns jornalistas de audiência muito selecionada, em páginas como essa, como a do Midia Sem Máscara ou em telejornais como o de Boris Casoy.



Não sei dizer os motivos do recuo tucano. Sei de fonte segura que a coordenação de sua campanha tem todas as informações sobre as relações do PT com as Farc, seu relacionamento com Fidel Castro, seu flerte com Hugo Chávez. Há uma farta munição de caráter político sendo engavetada. Seja como for, ninguém poderia garantir que estas questões iriam sensibilizar o já narcotizado eleitorado que agora decidiu que é Lula lá.



Cabe a mim, um crítico do PT, de sua ideologia e de sua visão de mundo, dar os parabéns a ele e ao seu candidato e sinceramente rezar para que o bom senso e a moderação imperem. Sei que pareço ingênuo mas não há outra coisa a fazer exceto desejar-lhes boa sorte. Que o Brasil prospere com Lula, é o que francamente espero.


 
  Com a credibilidade no lixo

Quando um jornal resolve encampar unicamente a versão do governo sobre os acontecimentos mais importantes para determinada sociedade, ele está abdicando da imparcialidade e da pluralidade de opiniões, dois dos pilares que fundamentam o bom jornalismo.



Já sabemos que o jornal O Globo tem amplas relações com organizações não-governamentais como o Viva Rio, parceiro da publicação dos Marinho em diversas ações sociais. A relação é tão íntima que O Globo já tomou como sua a luta destes movimentos pelo desarmamento civil, por exemplo.



A escalada do crime no Rio, fato que não é recente, passou agora a ser tratada como uma ação desesperada dos traficantes que estariam, segundo a versão das atuais autoridades, sendo sufocados pela estratégia dos órgãos de segurança.



Em que pese a prisão de chefes do tráfico, o crime no Rio nunca esteve tão forte e ameaçador. Seus integrantes agem sabendo que nada acontecerá contra “capi” como Fernandinho Beira-Mar e Marquinhos Niterói. Mas o atual governo estadual, com o apoio da maior parte da imprensa, está conseguindo que a população acredite que o crime está sendo mesmo “arrochado”.



O Globo de hoje, domingo, deixa de lado qualquer pudor em apoiar o governo estadual. Na manchete da página 24, pode-se ler: “Ataques revelam o desespero dos traficantes”. Sustentam a tese os “especialistas” de sempre, notórios militantes esquerdistas acadêmicos como o professor da Uerj, Ignácio Cano.



Praticamente todos os dias, este senhor é ouvido por algum repórter do jornal para falar sempre as mesmas coisas. Louvar a ação do governo e dizer que agora o caso é de desespero dos traficantes, estrangulados. O problema não está em publicar as versões de sociólogos como Cano ou Luiz Eduardo Soares, ele próprio membro do atual governo. O problema está em apenas fazer isso e ignorar outras teses e opiniões.



A reportagem do maior diário carioca vem sendo incapaz de trazer à tona outras opiniões que poderiam ser confrontadas com as que costuma veicular diariamente. A própria manchete do jornal descrita acima revela que a publicação deixou de questionar, de duvidar ou de simplesmente colocar as coisas na boca de quem as emite.



Gráficos e estatísticas que mostram o aumento da apreensão de drogas e de armas de fogo por si só não provam absolutamente nada. Curioso que o mesmo jornal, em outra página, informa que pelo bairro da Rocinha são movimentados 500 quilos de cocaína por mês. Traficantes desesperados não manipulam e vendem esta quantidade de droga transformando a região num entreposto delas, como mostra o próprio jornal. Este é apenas um exemplo do poder dos traficantes que mostram uma organização inédita para os padrões do crime carioca.



Mas, convenhamos, mesmo que a versão do governo de Benedita fosse verdadeira, um jornal não pode absorvê-la editorialmente sob pena de jogar no lixo sua credibilidade. Reportagens existem para descrever fatos da forma mais abrangente possível, não para encampar uma de suas versões.



A relação de O Globo com o Viva Rio do sr. Rubem César Fernandes já é por si só escandalosa. Agora o jornal chega ao terreno da repugnância ao tomar partido de um governo. Os leitores podem perguntar se o mesmo jornal publicará fatos que contradizem a versão acolhida como a única verdadeira. Ele será capaz de fazer isso daqui em diante?


 
Felix qui potuit rerum cognoscere causas

e-mail - guidalli@gmail.com

Editor: Sandro Guidalli

ARCHIVES
08/18/2002 - 08/25/2002 / 08/25/2002 - 09/01/2002 / 09/01/2002 - 09/08/2002 / 09/08/2002 - 09/15/2002 / 09/15/2002 - 09/22/2002 / 09/22/2002 - 09/29/2002 / 09/29/2002 - 10/06/2002 / 10/06/2002 - 10/13/2002 / 10/13/2002 - 10/20/2002 / 10/20/2002 - 10/27/2002 / 10/27/2002 - 11/03/2002 / 11/03/2002 - 11/10/2002 / 11/10/2002 - 11/17/2002 / 11/17/2002 - 11/24/2002 / 11/24/2002 - 12/01/2002 / 12/01/2002 - 12/08/2002 / 12/08/2002 - 12/15/2002 / 12/15/2002 - 12/22/2002 / 01/05/2003 - 01/12/2003 / 01/12/2003 - 01/19/2003 / 01/19/2003 - 01/26/2003 / 01/26/2003 - 02/02/2003 / 02/02/2003 - 02/09/2003 / 02/09/2003 - 02/16/2003 / 02/16/2003 - 02/23/2003 / 10/12/2008 - 10/19/2008 /


Powered by Blogger