A aprovação na Câmara do projeto que revoga a Lei de Segurança Nacional, de autoria dos deputados petistas Milton Temer e José Genoíno, está dando margem para que ex-opositores da ditadura militar voltem a vociferar contra o autoritarismo que se valia da LSN para acalmá-los. No Valor e no Globo desta quinta, os surrados clichês da mídia , do tipo "anos de chumbo" e "instrumento de repressão" são usados para ilustrar a relação entre o militarismo e a subversão marxista, sendo que os representantes do primeiro são os malvados e os componentes da outra ponta os que "lutavam pela democracia".
A redação do projeto, aliás, é outra pérola. Num dado momento, seus autores dizem que a LSN fazia parte de "métodos utilizados pelo terrorismo de Estado para torturar e matar jovens nos porões da ditadura ou à luz do dia..." Sobre o que faziam os membros das organizações criminosas e terroristas que botaram fogo no país nos anos 70 nenhuma palavra. A LSN surgiu assim, da mente monstruosa de meia-dúzia de generais que queriam brincar de reprimir barbudos e cabeludos ingênuos. Uns sádicos todos esses milicos ou lunáticos.
Um dos autores do projeto que revoga a LSN, usada hoje contra o MST (como se isso fosse adiantar), é o ex-guerrilheiro do Araguaia e futuro ministro da Defesa ou da Justiça, alguém tão preocupado em restabelecer a democracia nos anos 70 quanto Stálin em devolver o poder ao Czarismo ou Hitler em pedir desculpas aos judeus.
A LSN tinha mesmo que ser revogada, em que pese o bando armado do MST. Duro é ter que assistir suas "vítimas" a mentir tanto. Haja paciência!
É uma pérola a afirmação dada hoje na Agência Estado pelo presidente da ONG Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo de que "a esquerda brasileira sempre comete o erro de achar que a corrupção vai ser resolvida só com a eleição de uma pessoa honesta".
Para Abramo, todos os que não se encaixarem sob o guarda-chuva esquerdista, estão automaticamente alinhados com a desonestidade e, naturalmente, com a corrupção. Como se o PT e outras agremiações de esquerda nunca tivessem tido problemas do gênero em suas administrações. Seus filiados e políticos são todos santos e referência máxima de honestidade....Só pode ser piada.
É por essas e outras que, afirmo eu, o que move estas entidades não é a busca pela emancipação econômica e social do país e sim o mais puro ódio e ressentimento, um desejo medonho de vingança contra quem eles acreditam serem os responsáveis pela "estrutura arcaica" e "histórico de impunidade", um passado que não teria nada a ver com as forças de esquerda no Brasil. É fantástico....
Onze mortos. Meia centena de feridos. Este é o saldo de mais um atentado num ônibus em Jerusalém, ocorrido às 7h15 da manhã, a hora em que as crianças vão para o colégio. O autor, um homem-bomba, preparado por alguma das várias organizações terroristas árabes controladas, financiadas ou apenas estimuladas, acredita-se, por Iasser Arafat. O atentado de hoje é de número 52 contra ônibus desde o começo da Intifada em setembro de 2000.
Sharon responderá mais uma vez de forma dura e é bem possível que o líder palestino volte a ser confinado na Mukata, em Ramallah. Os serviços secretos já obtiveram várias informações das ligações entre ele e as brigadas Al-Aksa ou a Força 17, supostamente organizada pela própria Autoridade Palestina. É provável que dinheiro de Saddam, da Síria e dos sauditas equipe estes grupos que precisam dele não apenas para os armamentos mas também para subornar e obter facilitadores para suas ações terroristas.
Mas e a imprensa? Haverá o de sempre. Muitos condenarão os atentados mas os jornalistas, de fato, sempre irão achar uma justificativa para a ação de um camicase. Como já escreveu José Arbex Jr, por exemplo, um homem-bomba é um jovem desesperado, oprimido e triste. Precisa ser perdoado pelo que faz, em outras palavras. É assim, com impressionante parcialidade, que nossos "analistas políticos" enxergam o conflito árabe-israelense. Desta ciranda cínica e contaminada pela ideologia não escaparemos.
Mas resta a imprensa internacional. Na Europa latina, o Le Figaro e o Corriere della Sera são dois jornais que costumam ser mais equilibrados na cobertura do conflito. Já o Il Giornale, o Le Monde e o El Pais costumam atacar Israel e tratar os terroristas palestinos com benevolência similar a que vigora nos jornais brasileiros.
Uma boa fonte de informação, em português, continua sendo o Nahum Sirotsky. Aos 77 anos, o "veínho" costuma dar um banho até nas agências internacionais. Ele pode ser lido na página da editoria Mundo no Último Segundo, o jornal do IG. Não se deve achar, porém, que este jornal prima pela isenção. Sirotsky é uma das poucas coisas que prestam por lá. O IG reproduz, por exemplo, publicações como o Diplô, uma revista do Le Monde Diplomatique, uma espécie de panfleto esquerdista absolutamente deplorável, feito por intelectuais que, antigamente, seriam associados à famosa "esquerda festiva".
Paulo Leite, de Washington, DC - Pode não ser muito consolo para quem tem que aguentar a parcialidade da mídia e os arroubos de uma esquerda cada dia mais festiva, mas esses são problemas que não apenas os brasileiros enfrentam. Infelizmente, essas pragas estão hoje em dia disseminadas por todo lado.
Veja o caso dos Estados Unidos. Depois de sofrer um ataque devastador em 11 de setembro de 2001, o país tem que encarar a realidade de uma guerra inusitada, onde não há um exército formal a ser encarado, nem alvos militares tradicionais a serem atingidos. Como disse o presidente norte-americano, a guerra contra o terrorismo não vai ser vencida em um mês, nem em um ano. Isso não impede, porém, que a oposição insista em bancar o avestruz, enfiando a cabeça na areia para não ver as ameaças que pairam no ar. Afinal, é muito mais divertido reviver a guerra do Vietnã e sentir-se o máximo ao desafiar "o sistema" numa passeata qualquer.
Na cidade de Madison, no estado de Wisconsin, por exemplo, a Câmara de Vereadores está examinado uma resolução que insta os Estados Unidos a permitir que Saddam Hussein permaneça no poder, sem esclarecer a troco de que o governo local está se metendo em assunto da alçada federal (faz lembrar que na década dos 70 a cidade de Marlboro, Massachussetts, proibiu a explosão de bombas atômicas no perímetro urbano). Na Universidade do estado de Oregon, o professor Frank Stahl quer que a universidade se manifeste formalmente contra a guerra. Para ele, na esteira de "um domínio fascista do governo norte-americano", a guerra é apenas "uma forma de manter os cidadãos oprimidos." E ele não está falando dos cidadãos do Iraque, ou do Afeganistão.
Na imprensa, então, os americanos são inundados diariamente por editoriais e colunas nitidamente esquerdistas, defendendo pontos de vista que fogem à mais elementar lógica. No jornal "San Francisco Chronicle", o colunista Mark Morford se diz preocupado com a tomada do Congresso pelos Republicanos, já que a agenda do partido, em sua opinião, inclui "medo", "guerra", "intolerância", "mais poder para os brancos" e... "sexo sem graça". Para Morford, o Congresso dominado pela direita vai atacar de frente qualquer pessoa que "realmente se importe com orgasmos autênticos."
Está certo que São Francisco é uma cidade que está quilômetros e quilômetros à esquerda da própria esquerda norte-americana, mas mesmo na mídia de massa, consumida pelo povão, o clima "festivo" predomina. Na semana passada, o perdedor da última eleição presidencial, Al Gore, foi entrevistado por Barbara Walters, a repórter famosa por suas entrevistas com Fidel Castro. Inconformada com a tranquilidade com que Gore se referia à batalha pela recontagem de votos na Flórida, Walters insistia a cada oportunidade: "mas como você não está bravo?", ou "como você pode reagir com tanta calma?", ou ainda "a presidência foi roubada de você?" Houve um tempo em que a isenção era vista como uma qualidade desejável num repórter.
Aproveito o feriado do Dia de Zumbi, ou da Consciência Negra, se preferirem, ocorrido hoje no Rio, para comentar alguns assuntos relacionados ao tal racismo brasileiro. Se antes havia alguma dúvida a respeito de sua existência, nos moldes, ao menos, da divisão mais ostensiva de raças que dintingue os Estados Unidos do Brasil, por exemplo, agora está se tornando praticamente impossível sustentar que o país vive em paz do ponto de vista racial. O problema, vejam bem, não é que tenha aumentado a discriminação contra os negros. Ela permanece sendo a mesma, ou seja, muito pequena e, por vezes, quase piegas, ingênua ou, no máximo, cretina. O que aumentou, com efeito ainda não mensurado nas posturas racistas, foi a mobilização de entidades de defesa do povo negro que, capitalizadas e com amplo espaço na mídia, elevaram a questão ao nível do confronto aberto entre brancos opressores e negros oprimidos. Em outras palavras, o racismo no Brasil do tipo americano está verdadeiramente nascendo e por causa dos líderes negros, não por causa dos brancos.
O grande número de pardos, mulatos ou nome que se queira dar ao resultado do amor entre brancos e negros de brasileiros e que é a melhor coisa que o país tem a ensinar ao mundo, está sendo levado para um confronto com os mais brancos através de várias formas, algumas mais claras e explícitas, outras nem tanto. E o que as entidades de defesa dos negros querem é justamente isso, a supressão social do mulato, o paulatino desaparecimento da prova da paz racial brasileira. Para elas, o ideal é que morenos e pardos autodeclarem-se negros para poder usufruir da política para eles moldada e que cria efetivamente uma sociedade racista. E isso, a meu ver, é questão de tempo.
Alguns fatos. Já comentei aqui mesmo de que maneira ONG´s, como a Educafro, na Baixada Fluminense, vem preparando seus associados para um combate, tendo como pano de fundo as cotas raciais estabelecidas nas universidades, ação em si maléfica por natureza. A Educafro prepara os candidatos a essa reserva antecipando um conflito que eventualmente se dará com os não contemplados com as vagas separadas agora para os negros. Em encontros com os candidatos, seus dirigentes estimulam o uso de respostas que aprofundam a diferença racial e que, em resumo, podem alimentar o ódio contra os beneficiados. Caso um negro escute uma crítica às cotas, ele deverá responder dizendo que é prejudicado há centenas de anos e que agora chegou a hora da vingança. Esta é uma política visivelmente belicosa e é mais ou menos a mesma em todo o país a nortear os demais organismos e parcelas do poder público envolvidos na questão.
Nesta quarta, na CBN, várias matérias "ilustraram" o racismo no Brasil. Os jornalistas deixaram claro, em seus textos, repletos de clichês, que não têm qualquer dúvida sobre as práticas racistas que julgavam provar ao reportá-las. A "exclusão social dos negros" foi amplamente mostrada. No DF, o judas branco de plantão era o governador Joaquim Roriz, processado judicialmente porque chamou um militante adversário de "crioulo petista". Em Minas, o culpado era o prefeito de Belo Horizonte que sabia quantas árvores havia na cidade mas, para cúmulo dos cúmulos, não sabia quantos terreiros de umbanda existem no município. "E isso ocorre desde a fundação de BH", arrematou a entrevistada, Célia Gonçalves, da Fundação Palmares.
Pipocam argumentos e ações do gênero por todo o país. Em Brasília, o governo tucano que se despede irá obrigar 430 mil funcionários públicos a preencher um formulário em que terão que afirmar se são brancos ou negros. Não tenho os detalhes da medida e não sei se haverá a opção "mulato", por exemplo. Seja como for, trata-se de mais uma forma de estabelecer diferenças que vêm sendo há centenas de anos resolvidas entre a própria população, sem a interferência do Estado. A ascenção do PT apenas irá acentuá-las fazendo do Brasil definitivamente um país racista.
É ingênuo achar que não há racismo no Brasil. Ele existe mas é infinitamente menor do que apregoam governo, mídia, organismo e entidades. Há mais preconceito contra o pobre do que contra o negro. Ao invés de diminuí-lo contra este, vamos ampliá-lo. E a solução para isso, se houver, terá que partir de brancos, mulatos e negros sem a participação da imprensa, das ONG´s e do poder público. Estamos sozinhos nessa o que, afinal, não chega a ser ruim.
Recentemente escrevi aqui sobre a absurda medida da Agência de Vigilância Sanitária que vai proibir a venda dos chocolates em forma de cigarrinhos, aqueles fabricados pela Pan há várias décadas. A decisão segue conselho da OMS, um aparelho global ocupado em definir os hábitos ao redor do mundo, com danosos efeitos totalitários em países vagabundos como o Brasil, o Togo, a Nicarágua, a Indonésia e a Ucrânia. Algum demente da entidade disse que pesquisas feitas mostram que os cigarrinhos levam ao fumo de verdade. Algo equivalente a dizer que os garotos que comem aquelas moedinhas de chocolate vão virar degustadores de níquel quando adultos. Abaixo, vejam o que diz sobre o assunto o colunista do Estadão Matthew Shirts:
http://www.estado.estadao.com.br/colunistas/shirts.html
O operadora da telefonia móvel da Telemar, batizada de "Oi", está com uma imensa campanha publicitária no ar, milionária, estimulando a compra de aparelhos entre as crianças e pré-adolescentes. A idéia da companhia é um exemplo da falta total de respeito pelos mais elementares valores do comércio e da venda de serviços e produtos que atinge hoje o país, vitaminada pela mídia e pelo poder que ela tem de levar as pessoas a fazer aquilo que, muitas vezes, sequer pensavam realizar.
A campanha usa a apresentadora Xuxa que, certamente seduzida pelo contrato, não deve ter hesitado em servir de isca para a garotada falante. Uma das marcas da apresentadora, aliás, é a facilidade com que ajuda a corromper a infância. Suas coxas têm sua cota de responsabilidade em vestir meninas brasileiras e argentinas de 5 a 12 anos como miniputas de minisaia, farta pintura facial, bolsinhas, sapatinhos e bijuterias.
A campanha da operadora, a primeira a utilizar a tecnologia GSM, da segunda geração da telefonia celular e largamente utilizada na Europa, está na mídia há aproximadamente duas semanas. No rádio e na TV, Xuxa vende os celulares com o seu nome. Equipado com sua voz nas caixas-postais, são empurrados para os pais sob o slogan de que agora cada criança poderá ter o próprio celular da Xuxa.
A campanha é uma farsa que leva a crer o consumidor mirim de que realmente poderá falar com a apresentadora, assim que comprar o aparelho. A peça publicitária no rádio, por exemplo, tem Xuxa atendendo a uma chamada dizendo que o número é o da "Xuxa da Fernanda" e não o da "Xuxa da Carol".
A publicidade no Brasil não tem limites. E isso não é novidade alguma. Invadiu o país com seus profissionais arrogantes e boçais, não respeitando os valores mínimos que devem nortear a relação entre comércio, propaganda e consumo. Tudo é vendável, para qualquer um em qualquer lugar, de qualquer maneira. Não difere muito dos diretores e escritores da TV e suas telenovelas cheias de libido, lascívia, imoralidades mil numa programação que não vê mais diferença entre a hora do almoço, o fim da tarde, a madrugada e a manhã.
E o pior: não há solução para isso. A menos que joguemos a TV e o rádio janelas afora.
Uma característica pontiaguda dos textos do jornalista José Arbex Jr. é o ódio com que eles são escritos. Não há propriamente contundência nem vigor nas suas afirmações, são mais ofensas e clichês que, atirados de forma raivosa e exaltada no papel, acabam voltando-se contra o próprio autor, empobrecendo-lhe os argumentos e o próprio estilo dos seus artigos. Porém, como são destinados a estimular a raiva contra judeus e americanos, acabam por arrebatar uma claque de leitores já dispostos a um confronto político apaixonado em que o jornalismo serve apenas de meio para a propaganda de um lado dos envolvidos em batalha.
José Arbex Jr. é um jornalista-ativista. Ele não pode ser comparado aos articulistas e colunistas que analisam o confronto no Oriente Médio com frieza e o distanciamento necessários para a boa informação. Ele é o oposto de um Nahum Sirotsky.
Ao unir num mesmo lado em sua esdrúxula história particular os judeus e os nazistas, por exemplo, uma verdadeira obsessão para ele, Arbex está falsificando a realidade dos fatos e sendo incorreto com o jornalismo brasileiro de quem ele por certo acredita ser um dos seus expoentes mais respeitados. É que não há fatos que o autorizam a afirmar que Ariel Sharon é um novo Hitler ou a dizer que os palestinos padecem do mesmo mal que as vítimas do Holocausto. Apenas isso.
Sabemos todos nós que árabes e judeus são igualmente responsáveis pela história que estão escrevendo. É possível que, para alguns, um destes povos seja mais culpado do que o outro para as coisas estarem onde estão. Cabe ao jornalista, porém, diminuir o fogo que cozinha estas paixões e não servir-se como combustível a inflamar o já dramático debate sobre o conflito naquele enclave de triste destino.
Ao optar por trabalhar como um sujeito empenhado em combater pelo lado árabe (e poderia fazê-lo pelo lado judeu, daria na mesma), tratando um homem-bomba que mata dezenas como um sujeito apenas desesperado e ignorando as consequências de suas ações, José Arbex Jr. diminui a si próprio, confinando-se a uma esfera menor do jornalismo, aquela em que gravitam repórteres e editores que prezam mais a ideologia do que os fatos, a propaganda do que a realidade. Com eles os leitores têm sido severos pois percebem rapidamente que o objetivo destes jornalistas não é o de informar e sim o de cooptá-los para uma causa. E é preciso desconfiar sempre dos padres, pastores e bispos desta Igreja chamada mídia ideológica.
Pesquisando um pouco os textos de Arbex, encontrei um que resume bem como trabalha este dublê de analista político e militante pró-árabe. O artigo, intitulado “Nazisrael”, foi escrito para a revista Caros Amigos, uma publicação partidária e naturalmente palco para as mais deploráveis manifestações jornalísticas baseadas no fervor ideológico de seus colunistas.
Ao mesmo tempo em que condena os judeus de forma tão inflamada, Arbex fecha os olhos para o terrorismo árabe, manifestado nas explosões suicidas em bares e restaurantes de Israel. Para ele, estão corretos todos os analistas para quem não pode haver comparação entre as ações do exército “facínora” de Israel e a determinação das organizações árabes em fazer ir para os ares algum ônibus repleto de civis a caminho do trabalho. Para eles, um especialista em explosivos na Jihad, um suicida no Hamás e um facilitador ( motorista ) nas Brigadas al-Aksa são componentes de uma espécie de resistência heróica contra os opressores judeus. E nessa missão, vale tudo.
Ao botar no papel esta instigante visão das coisas, ele aluga a idéia de que “muitos daqueles que aderem aos grupos terroristas enfrentam uma vida de desemprego e pobreza”. Não contente ele ainda afirma: “ninguém está dizendo aqui que a miséria justifica o terrorismo”. O que será que “alguém” então está querendo dizer?
Recentemente, um atentado reivindicado por uma das organizações terroristas árabes contra colonos no Shabat, o dia de descanso judaico, matou 12 e feriu 20 pessoas. Relatos deram conta de que os próprios médicos que tentavam socorrer os feridos foram recebidos à bala pelos guerrilheiros árabes. Ação similar, em Ramallah, desta vez contra árabes, foi entretanto fartamente denunciada pelo jornalista que a caracterizou como “cenas de nazismo explícito”. Como será que Arbex qualificaria agora a selvageria cometida contra os judeus? Seria, por acaso, para ele, uma reação típica dos oprimidos que, em pranto, famintos e sem teto, resolveram gastar todo o dinheiro que dispunham para comprar algumas metralhadoras para vingar o genocida de plantão?
Para o ex-correspondente da Folha e futuro editor-chefe do jornal do MST, Sharon comete ações muito parecidas com a de Adolf Hitler na segunda guerra mundial. Além de absurda, a tese ignora as enormes diferenças entre os judeus indefesos do Holocausto com a impressionante estrutura terrorista de dezenas de grupos armados e fanáticos que lutam contra Israel. Não se pode escrever isso achando que o leitor não irá perceber tamanha distância entre os dois fatos. Mas ele o faz e arrisco dizer que o faz rindo.
Arbex também é adepto de chavões, empregados na ânsia de provar que está com a razão. Um livro que supostamente provaria a atitude acertada de Arafat em não aceitar o acordo de Camp David, de Robert Malley, ex-membro do governo Clinton, segundo ele, vira “um livro definitivo”. Os argumentos de estudiosos como Lev Grinberg, da Universidade Ben Gurion em Israel e que condenam Sharon, serve para que Arbex o esfregue como exemplo de quem não poderia ser enquadrado “nos habituais e imbecis insultos destinados a qualquer um que critique o governo de Israel”.
O jornalista acha que, pelo fato de ser israelense, Grinberg deve ter razão naquilo que diz. Sua nacionalidade, aliada as suas opiniões contra Sharon, o elevaria à categoria dos infalíveis apenas porque critica o chefe de estado do seu país. Ademais, o que ocorre na mídia é justamente o contrário. São os eventuais defensores de Sharon os mais insultados e não seus críticos como pretende crer Arbex.
Thomas Friedman, o articulista do New York Times que povoa as editorias de Internacional dos grandes jornais brasileiros é um "cínico, mentiroso" para Arbex. O motivo: ele responsabilizou Arafat pelo terrorismo, algo que uma criança palestina, fantasiada de bebê-bomba, talvez saiba.
Entre alguns xingamentos, falsificações pueris da História e pura propaganda anti-semita, trabalha o jornalista-ativista José Arbex Jr. Não quero crer que, ao premer as teclas do seu computador, ele acredite que possa ser bem avaliado pelas opiniões que emite. Os jornalistas marcados pela excelência e pela qualidade do seu trabalho obtiveram o respeito de seus pares e de seus leitores pela imparcialidade de suas observações, pela honestidade em seus julgamentos e pelo caráter firme com que admitiram fatos e reconheceram os próprios erros. Arbex está longe, muito longe disso.
Depois de passar a campanha presidencial fingindo que nada têm a ver com as FARC, Fidel, Chávez, Tupac Amaru, MIR e afins, Lula e o PT agora fingem que é o presidente eleito quem define as coisas, cargos, nomes, ações, etc..
Todos os dias, os jornais informam que Lula irá definir isso, aquilo, nomear fulano, aceitar beltrano, realizar, aprofundar, decidir, estabelecer e por aí afora...Mas custo a crer, sinceramente, que Lula tenha o poder que afirmam os jornais. Ele sempre será o símbolo de que precisa o PT para a sua ascenção, nada mais que isso. As decisões para valer, as definições da política exterior, previdenciária, de planejamento, de saúde e educação estarão por conta de gente muito mais gabaritada intelectualmente, não significando isso, porém, que elas serão as melhores.
O PT, como todo partido de esquerda, é uma agremiação coesa que age em bloco sob o comando de dois ou três generais mais bem preparados. Lula é o enfeite da tropa, o homem necessário para a obtenção do poder que deverá agora ser comunicado sobre as decisões mais importantes. Aliás, sua principal decisão é apenas uma nos dias de hoje: morar no Torto ou no Alvorada. O resto está por conta da equipe de Palocci, no palco e de José Dirceu, nos camarins.
Mas a mídia fará de conta que é Lula quem manda. Endossará sem tremer o bloquinho de papel todas as afirmações neste sentido dos parlamentares, auxiliares técnicos, aliados e da cúpula do PT. José Dirceu, por exemplo, é um dos que mais falam sobre o poder de Lula sabendo muito bem que é preciso frisá-lo sempre para que a mentira que profere ganhe a embalagem da verdade.
Este tema, aliás, será sempre motivo de boas risadas. Bastará assistir o Jornal Nacional e escutar um austero e circunspecto Lula a falar sobre nomeações para termos contato com a mais nova farsa via satélite. Ou peça de humor.
Fui alertado por e-mail de que há cinco localidades Lula nos EUA. Osvaldo Ormazabal, de SC, pesquisou no Mapquest e achou mais quatro além daquela localizada na Georgia e apontada pelo Paulo Leite.
O governo Lula nem começou e já está quebrando contratos. Antônio Palocci, que prometeu em cartório cumprir o mandato de prefeito de Ribeirão Preto (SP) até o fim, vai comunicar ao povo, ao lado de Lula, que será obrigado a deixar o comando do município para, provavelmente, assumir um ministério a partir de 2003. Será que alguém, nas próximas eleições, irá confiar naquele que já endossou a abertura de um escritório de apoio às FARC na cidade?
Vejam o que o Paulo Leite descobriu. Palavras dele:
As ironias da vida: justo agora que os Republicanos estão se preparando para assumir o controle da Georgia, eu descubro que bem no norte desse estado norte-americano fica a gloriosa cidade de… Lula. É mole? Quem duvida, pode até ver o mapa, em http://maps.yahoo.com/py/maps.py?csz=Lula,GA. Pensa que é qualquer um, é?
O texto que publico abaixo é uma carta enviada pelo especialista em Desarmamento Civil, Raimundo Nicioli, para a jornalista e colunista da Folha Barbara Gancia. Em recente artigo, a jornalista (a meu ver uma ingênua) assume a defesa dos argumentos do advogado Evandro Lins e Silva, que, além de pregar o desarmamento de civis, como manda a ONU, também quer o fim da descriminalização das drogas (nem sempre a maturidade biológica significa lucidez mental). A carta enviada não obteve resposta.
Nicioli:
A carta que se segue foi encaminhada por mim ao Ombudsman da Folha de São Paulo, Sr. Bernardo Ajzenberg, que, gentilmente, se encarregou de repassá-la à sra. Barbara Gancia, colunista do mesmo jornal. Justifica-a um artigo escrito por ela comentando a entrevista concedida pelo Dr. Evandro Lins e Silva à revista Época onde o advogado tecia considerações sobre drogas e armas de fogo:
Favor encaminhar à sra. Gancia. Obrigado, Raimundo Nicioli Queiroz.
Prezada Sra. Gancia , lendo seu recente texto sobre armas de fogo me pergunto e seria interessante verificar em que baseiam-se suas opiniões . Não menos interessante seria também investigar a origem da força motriz que move os líderes da saga do desarmamento. Frise-se bem, desarmamento daqueles que a principio não tem primal intenção criminosa ou predatória. Vivarianos e congêneres fizeram escola, não há como negar. Podemos vê-los hoje nas nossas lembranças, de branco a marchar empunhando velas acesas, arrebatando os crentes e incautos, vislumbrando num futuro glorioso, manobrar a espada da lei e arrebatar as terríveis armas das mãos de pessoas que se arrepiariam diante da menor possibilidade de um entrevero com a lei. Tarefa que lhes confere glória sem dúvida. Porem fátua, própria dos covardes; algo assim como a célebre cena do chefe de policia corrupto socando Michael Corleone ( Al Pacino) no filme O Poderoso Chefão após o desafeto ter sido imobilizado por outros policiais. Que tal subir o morro e "coletar" os AR-15 e AK- 47 dos bandidos reais?
Mas não devemos exigir muito destes fascistas tupinambás posto que eles estão dando o máximo de si. O seu argumento repousa no principio que as pessoas não devem ser confiadas em possuir armas de fogo. Somente o Estado... Há um elemento central em toda esta discussão que permanece injustamente em segundo plano, que quando ausente elimina a possibilidade de navegação pelo alto mar do intelecto e transforma a discussão, seja de que assunto for, em coisa indigna: a honestidade intelectual, que se fosse obrigatoriamente honrada haveria de conduzir essas pessoas ao entrechoque com fatos e estatísticas, do qual poderia haver a chance de se levantar a verdade, ou pelo menos a possibilidade de um debate sério.
E duas são as variáveis principais neste processo. A moral e a técnica, esta lidando com dados pertinentes como estatísticas e estudos especializados, e aquela podendo ser sumarizada por uma única pergunta a ser respondida criteriosamente: em que patamar moral ou ético se instalaram os proponentes do desarme civil completo, para em surto de arrogante prepotência decidir se alguém deve ou não possuir e usar armas de fogo legalmente? O direito inalienável de alguém termina exatamente onde começa o do outro. Há uma solidão implícita aí que deve permanecer assim; a não ser que entremos numa era de coletivismo totalitário que gere um estado policial que por sua vez limite ou acabe com todos os direitos individuais, tanto o de possuir armas como também o de usar a pena. Como em Cuba aliás.
Como costuma acontecer nesta junção, outros argumentos são trazidos à luz : Mas se todos se armarem isto vira um faroeste, e os acidentes com crianças, e os crimes por motivo fútil, e a proteção policial que o estado "garante", e as balas perdidas, e as chacinas e... O que nos leva direto à segunda variável : que tal verificarmos as estatísticas e trabalhos científicos concernentes ao assunto em questão que no Brasil abundam e são constantemente propalados pela mídia na sua infatigável luta para "informar" as pessoas?
Lamento dizer isso, mas a classe jornalística nativa não tem feito nestes cinco últimos anos, período de agigantamento do ativismo antiarmas, senão desinformar e enganar a população, restando saber se conscientemente ou não. Na primeira hipótese é um crime e na segunda uma vergonha, própria de gazeteiros. E existem tantas estatísticas e trabalhos publicados aqui sobre este assunto quanto neve em Cobacabana. Temos que forçosamente nos reportar aos autores de trabalhos publicados no exterior que não dão nunca as caras por aqui. Só para citar alguns: Gary Kleck / John Lott / Stephen Halbrook / Don Kates / Daniel Polsby / Dave Kopel / Joyce Lee Malcolm e por aí vai...
Uma intelectualidade digna do nome e posto teria que obrigatoriamente verificar esses nomes, os números e fatos que eles trazem a reboque, e malgrado o mal estar que isto lhes pudesse ocasionar, rever suas posições publicamente. Renegar este processo é possível e permitido, mas significa igualmente abdicar de toda e qualquer credencial no que diz respeito a oferecer soluções no combate ao crime e orientação no sentido de formulação de leis. Ouviram bem Luís Eduardo Soares, Carlos Minc , Rubens Fernandes e Ignacio Cano?
Prezada sra Gancia, se desejar se aprofundar estarei disponível para orientá-la nesta seara, e em tempo não pertenço a nenhum lobby, empresa ou sindicato, apenas conheço o assunto o bastante para desmontar o castelo de cartas do lobby do desarmamento civil, no qual a sra acredita.
Mariane Oliveira, de Brasília e querida leitora desta página, manda texto em que observa o caso do garoto Pedrinho que tanto vem movimentando a mídia. A ela meus agradecimentos:
Em 1986, Pedrinho foi tirado do colo de Lia com apenas treze horas de vida por uma falsa assistente social que alegou precisar levá-lo para exames de emergência, e, dezesseis anos depois, foi encontrado graças a uma denúncia anônima ao S.O.S. Criança e um exame de DNA positivo. Filho achado, encontro com os pais verdadeiros realizado, a sociedade começou a questionar quem poderia ter cometido o crime de tirar um filho dos braços dos pais.
Investigações policiais apontam para Vilma Costa, a mulher que criou Pedrinho (a quem eu me recuso de chamar de "mãe adotiva", pois uma mulher que rouba uma criança e a registra como sua, não pode ser chamada assim), que alega inocência. No entanto, a revista Época desta semana diz que Maria Auxiliadora Pinto (Lia) reconheceu a mulher que criou seu filho como a seqüestradora assim que a viu. Por medo de perder o filho pela segunda vez, se calou. Nesses dezesseis anos, Lia não perdeu só o convívio com o filho. Perdeu um terço de sua vida, noites de sono, e a mãe - morta por enfarto ao saber da notícia que um menino achado em Rondônia poderia ser seu neto. O exame de DNA mostrou que não era daquela vez que Pedrinho voltaria para casa.
Certamente não será agora que isso acontecerá. Desde que as investigações policiais começaram a indicar Vilma como a seqüestradora, os jornais de Brasília noticiam que ela proibiu o rapaz de falar com os pais e que havia fugido com o garoto, que acredita em sua inocência. O sofrimento de Lia e de Jayro (que na época chegou a ser acusado de ter seqüestrado o próprio filho) não terminou. Defendo o direito da sociedade em conhecer a autora deste crime. Contudo, defendo ainda mais o direito de Lia e Jayro de conquistarem o amor de seu filho. Eles mesmos deixaram bem claro que não querem saber quem fez isso, só querem ter Pedrinho por perto. Querem ter o direito de ter uma memória, fotos, história para contar.
Querem mostrar a ele o que é a verdade de um amor, o amor de quem o planejou, o fez, o gerou, o perdeu e sempre o esperou. Não o amor de mentira, de uma mulher que o roubou para tirar um homem de uma outra família. Especula-se muito sobre como este menino deve estar se sentindo. Especula-se à toa, pois Pedrinho (ou Osvaldo, o nome de mentira que prefere manter) já afirmou com todas as letras que quer permanecer vivendo com a mãe impostora. O que ninguém pergunta é como deve estar se sentido Lia, a mãe de verdade. Uma vez eu li que desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro de sua cabeça. Multiplique por dezesseis anos.
Será que uma mãe é capaz de resistir à perda, à esperança de ter o filho de volta, à certeza de tê-lo achado, e finalmente à indiferença de quem ela tanto esperou? Minha torcida não vai para Pedrinho, e sim para Lia, para que enfim ela possa escutar os sinais da volta de seu filho e anunciá-la nos sinos das catedrais.
e-mail - guidalli@gmail.com
Editor: Sandro Guidalli